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8 mitos sobre sexo que precisamos derrubar

Com informação correta, as pessoas podem ter uma vida sexual mais satisfatória e segura - iStock
Com informação correta, as pessoas podem ter uma vida sexual mais satisfatória e segura - iStock

Redação Publicado em 15/02/2025, às 10h00

Para muita gente, falar sobre sexo ainda é difícil, até com os médicos de confiança. Sem ter onde conseguir informações de qualidade, as pessoas acabam recorrendo à internet, onde é possível encontrar de tudo – inclusive meias verdades ou dados falsos.

Veja, a seguir, alguns mitos que os especialistas gostariam que as pessoas deixassem de acreditar, para ter uma vida sexual mais plena, satisfatória e segura.

Mito 1: todo mundo faz mais sexo do que você

Os adolescentes, em geral, acham que todos os seus colegas já tiveram mais experiências do que eles, o que gera uma ansiedade enorme e, muitas vezes, faz com que o jovem tenha relações sexuais antes de estar preparado para isso.

Apesar de hoje não haver controle sobre a pornografia, e o sexting ter se transformado em um fenômeno comum, isso não significa que as pessoas tenham mais experiências sexuais “de verdade”. Alguns estudos recentes até sugerem que as pessoas têm feito menos sexo do que na época de seus avós.

Mito 2: sexo significa penetração

Nada disso! Sexo oral e anal são modalidades de sexo. E os toques genitais também são formas importantes de contato sexual.

Achar que tudo se resume a penetração é um mito particularmente prejudicial para as mulheres – um estudo mostra que apenas 18% delas conseguem chegar ao orgasmo somente dessa forma. Outras pesquisas sugerem que a proporção é ainda menor do que essa. Infelizmente, aquelas cenas de cinema em que a mulher é penetrada e, em poucos minutos, chega ao ápice nada têm de reais. 

Além de tudo, pensar que sexo é sinônimo de penetração expõe as pessoas a muito mais riscos no que se refere às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) – muita gente só coloca o preservativo no momento de penetrar, ou só quando a ejaculação está próxima, dois erros graves no que se refere a sexo seguro.

Mito 3: pouca gente precisa de lubrificante

É conhecido que mulheres na menopausa podem apresentar secura vaginal e se beneficiar dos lubrificantes. Mas a verdade é que a lubrificação natural pode falhar em qualquer época da vida, por diferentes motivos. Inclusive no início da vida sexual, onde a falta de experiência e ansiedade podem atrapalhar bastante.

Acredite: os lubrificantes podem não apenas diminuir o atrito e o incômodo durante a penetração, como podem deixar todo contato sexual mais agradável e divertido, inclusive o uso de vibradores e dildos. Assim, o lubrificante íntimo traz proteção extra para homens e mulheres de qualquer idade.

No sexo anal, o produto é indispensável porque a região não conta com lubrificação natural. Porém, qualquer relação sexual com penetração, inclusive vaginal, pode causar microfissuras nas mucosas por causa do atrito, mesmo quem está devidamente excitado(a). Essas lesões imperceptíveis podem aumentar o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e até de cistites ou infecções urinárias. 

Os produtos devem ser à base de água para que não haja risco de o produto danificar o preservativo, algo que pode acontecer quando se usa algum óleo natural ou vaselina. Hoje também há lubrificantes siliconados que não prejudicam o material da camisinha, por isso vale checar a embalagem.  Também pode-se experimentar versões com efeito quente ou gelado, para ter mais prazer ou sair da rotina. Por último, não custa avisar: saliva não funciona como lubrificante. 

Mito 4: sentir dor é normal

Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, 75% das mulheres apresentam dor durante o sexo em algum momento da vida, seja por questões emocionais ou hormonais.  E diversos homens podem enfrentar a situação, também! Apesar de acontecer, ninguém deve achar que a dor é algo comum e que faz parte. Existem diferentes maneiras de resolver a questão, contanto que homens e mulheres se comuniquem e conversem, também, com seus médicos.

Mito 5: eles precisam mais de sexo que elas

Apesar de as mulheres terem conquistado muita coisa nas últimas décadas, esse mito ainda persiste, e causa danos a ambos os sexos. Assim como muitas mulheres ainda são julgadas por buscarem o sexo, muitos homens se sentem culpados por não sentirem tanto desejo quanto eles imaginam que seria normal.

Ainda que exista alguma evidência de que os homens, em geral, se masturbem com mais frequência dos que as mulheres, os especialistas hoje entendem que homens e mulheres têm flutuações no desejo de maneira bastante similar ao longo da vida .  

Mito 6: o desejo surge espontaneamente

Na realidade, existem dois tipos de desejo: aquele que surge de forma espontânea, quando, por exemplo, você vê alguém interessante passar na rua. Mas também existe o desejo que aparece apenas em resposta a um estímulo como o toque. Quando estamos num relacionamento de longo prazo, é mais comum que a libido tenha que ser estimulada. E ninguém precisa se sentir culpado por isso.

Mito 7: sexo planejado é chato

Este mito tem muito a ver com o anterior: se a vontade de fazer sexo não surge espontaneamente, é melhor não forçar, e não é bem assim. Se as pessoas têm rotinas específicas, como assistir a um seriado no fim de semana, ou almoçar com a família no domingo, qual o problema de colocar o sexo na agenda? Essa é uma forma de cuidar do seu relacionamento, e pode até ser divertido se preparar para isso.

Mito 8: seu pênis não é bom o bastante

Desde cedo, os homens desenvolvem crenças de que precisam ter pênis com uma aparência assim ou assado, e uma ereção que dure bastante e se repita à vontade. Essas ideias pré-concebidas, que muitas vezes são reforçadas pela pornografia, podem ser muito prejudiciais. Até porque o prazer sexual é algo muito mais complexo do que isso.

Quando um jovem enfrenta alguma falha de ereção, o que é absolutamente normal acontecer de vez em quando, passa a acreditar que há algo de errado com ele, e o medo de falhar de novo vira um pesadelo que pode trazer prejuízos reais para a vida sexual. Por outro lado, homens mais velhos acham que ejaculação precoce só acontece com garotos, e se sentem envergonhados ao enfrentar uma situação desse tipo.

Fontes: The New York Times, Jairo Bouer (psiquiatra), Roberta Grabert (ginecologista e obstetra)