Mudanças climáticas já complicaram a vida dos alérgicos; e vai piorar

Pesquisadores mostram que temporadas de pólen têm começado mais cedo e duram mais

Tatiana Pronin Publicado em 17/03/2022, às 18h00

O aquecimento faz com que as plantas floresçam mais cedo, enquanto a poluição eleva a quantidade de pólen - iStock

Quem sofre de alergia ao pólen talvez já tenha reparado: as mudanças climáticas tornaram a temporada de espirros e olhos vermelhos mais longa e intensa, já que a quantidade desse alérgeno comum também está mais alta.  

Cientistas da Universidade de Michigan, nos EUA, analisaram o pólen de 15 plantas diferentes naquele país e usaram simulações de computador para calcular o quão pior as temporadas de alergia ficarão até o ano de 2.100. Os resultados foram publicados na revista Nature Communications, e divulgados em agências de notícias internacionais.

À medida que a temperatura do planeta aumenta, a tendência é que as crises de alergia ao pólen comecem mais cedo e terminem mais tarde. É que o aquecimento faz com que as plantas comecem a florescer antes, e por mais tempo.

Além disso, o dióxido de carbono em excesso no ar (proveniente da queima de combustíveis como carvão, gasolina e gás natural) faz com que as plantas produzam mais pólen, de acordo com os autores do estudo. Isso já vinha sendo observado de 1990 para cá.

Mais gases de efeito estufa, mais pólen

Nos EUA, por exemplo, a temporada de pólen costumava começar no meio de março e, agora, já tem início no meio de fevereiro. Mas tudo depende muito da quantidade de pólen em cada local, e das emissões de gases de efeito estufa em cada região.

Com cortes moderados nas emissões, a temporada começaria 20 dias antes, até o final deste século. Já no cenário de aquecimento mais extremo, e cada vez mais provável, grande parte da América do Norte terá fases de pólen começando 40 dias antes do registrado nas últimas décadas.

Em todo o mundo, é estimado que 30% das pessoas sofram de alergia ao pólen. E, ainda que espirros e coceira não sejam um problema tão grave, eles geram dias de trabalho e estudo perdidos. Pior: o estímulo pode ser uma ameaça aos alérgicos que têm asma, uma condição crônica que pode ter consequências graves.

Confira: 

Asma pode ser grave

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) afirma que cerca de 20 milhões de brasileiros, entre adultos e crianças, tenham asma. Aproximadamente 5% desse total apresentam a forma mais grave da doença. Vale destacar que a asma é a quarta maior causa de internação no Brasil, além de ser responsável pela morte de cerca de 2.000 pessoas todos os anos. 

Também chamada de "bronquite alérgica", a asma envolve sintomas como  tosse frequente e prolongada - geralmente no período da noite e nem sempre com catarro, além de chiado, pressão no peito, dificuldade para respirar e cansaço. Eles podem aparecer juntos ou isolados, e a falta de ar também pode surgir ao praticar alguma atividade física

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