Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h19 - Atualizado às 23h57
Alguns cientistas já divulgaram que as mulheres tendem a se sentir mais atraídas por homens com o rosto mais masculino, ou seja, mais largo e com traços menos delicados, que indicam a presença de boas quantidades de testosterona.
Segundo uma teoria, essa preferência seria mais forte em países com altas taxas de doenças infecciosas, como uma forma de garantir a sobrevivência da espécie. Mas um novo estudo publicado esta semana na revista PLos ONE joga um balde de água fria nessa ideia.
Pesquisadores coordenados por Ian Penton-Voak, da Escola de Biologia Experimental da Universidade de Bristol, no Reino Unido, decidiram testar a hipótese em 962 adultos de 12 populações que vivem em diferentes sistemas econômicos. Eles quiseram variar os participantes para checar se essa preferência pode ser generalizada. E a resposta foi negativa.
Segundo o antropólogo Lawrence Sugiyama, da Universidade de Oregon, um dos 22 autores do estudo, nem mesmo o oposto é verdade. Nem todo homem tem preferência por mulheres com traços mais femininos, como propõe a teoria.
O pesquisador conta que a preferência das mulheres por homens com rostos mais masculinos só se confirmou em regiões onde a economia de mercado predomina, como no Reino Unido, no Canadá e na China. Mas, de acordo com trabalho anterior de Sugiyama, os gostos mudam de acordo com as variações existentes em determinado local, e nas economias de mercado é sabido que os homens têm mais testosterona.
A pesquisa incluiu os Shuar, uma população rural do Equador com longo histórico de guerras e cuja economia é baseada em agricultura e caça. Essas pessoas viveram isoladas do resto do mundo até a década de 1880. Os resultados indicam que as mulheres, lá, não gostam de homens com rostos que “emanam” testosterona. Provavelmente porque querem companheiros menos propensos a se envolver em comportamentos violentos.
Cada tipo de sociedade teve um resultado diferente no experimento. A mensagem disso, para Sugiyama, é que, ao investigar a atração, é preciso levar em conta fatores culturais de cada local. A boa notícia é que ninguém precisa ficar frustrado por ter um rosto que supostamente não agrada o sexo oposto.