Redação Publicado em 21/04/2022, às 16h00
Mulheres são mais propensas a estar em um relacionamento não monogâmico do que os homens, segundo dados do Ashley Madison, site de namoro para casados presente em 52 países. Um levantamento feito com usuários indica que 26% delas são inclinadas à não monogamia, contra 13% deles, e elas também relatam mais satisfação nesse tipo de acordo.
Desde a incorporação de parceiros externos, seja por infidelidade ou por um acordo feito com um parceiro principal, 60% das mulheres dizem que sua vida sexual se tornou mais emocionante, 42% afirmam estar desfrutando de mais variedade e 34% se tornaram menos tímidas ao explorar sua própria realidade.
Além disso, 56% dessas mulheres dizem que fazer sexo com parceiros externos faz com que se sintam mais desejadas e "sexy", em comparação com 22% que relatam o mesmo no sexo com o cônjuge.
“As mulheres estão percebendo que o sexo monogâmico pode se tornar mundano e repetitivo com o tempo”, diz Isabella Mise, diretora sênior de comunicações da Ashley Madison. “Pode até proibi-los de entender seus próprios desejos.”
O levantamento, feito com 458 membros do Ashley Madison em fevereiro deste ano, ainda indica que uma vida sexual ativa e satisfatória é importante para promover uma autoimagem corporal positiva. Do total de respondentes, 53% das mulheres disseram que o sexo de qualidade as faz mais feliz com o próprio corpo e aparência.
Os dados ainda revelam que o envelhecimento não parece ter impacto negativo no sexo. Na verdade, 31% das mulheres afirmam que a qualidade melhorou, 27%, que as relações se tornaram mais excitantes, e 17%, que ficaram mais prazerosas e passíveis de mais orgasmo.
A não monogamia é uma proposta de oposição à monogamia como forma de relação afetiva. Dentro do “guarda-chuva" dos relacionamentos não monogâmicos existem várias formas distintas de relação e definições possíveis, como, por exemplo, o poliamor, que pode ser “fechado” ou “aberto”. No fechado, três ou mais pessoas se relacionam amorosamente e sexualmente apenas entre si sem que possam se relacionar com outras pessoas; já no aberto, as pessoas envolvidas na relação podem ter envolvimento com pessoas de fora do relacionamento.
“Para quem quer saber mais e até botar em prática relações não mono, a primeira questão é discutir com o parceiro ou parceira para ver se estão na mesma ‘vibe’. Não adianta uma das pessoas querer e a outra não – e também não adianta impor. Essa construção deve ser feita a quatro mãos para que as coisas fiquem em ordem para todas as partes envolvidas. Esse é o primeiro ponto: conversar para entender as expectativas do outro”, explica o psiquiatra Jairo Bouer.
Além do poliamor, existem ainda outras formas de acordo, como o relacionamento aberto, em que há exclusividade afetiva entre as pessoas envolvidas, mas há liberdade sexual para manter relações com outras pessoas, e “amor livre”, em que há liberdade sexual e afetiva para que as pessoas envolvidas tenham relação de sexo e/ou de amor com quem quiserem.
Existe, ainda, a anarquia relacional, um modelo de relacionamento em que há relação afetiva entre duas ou mais pessoas, mas sem que adotem qualquer noção de hierarquia, podendo a relação sexual e afetiva acontecer com outras pessoas fora da relação da forma como cada pessoa envolvida preferir.
Outras formas de relações não monogâmicas são possíveis e, para quem quer começar a conhecer melhor a questão, vale pesquisar sobre o tema, conversar com outras pessoas sobre essa vontade e até participar de grupos que discutam as questões envolvidas nesse tipo de relacionamento.
Como qualquer relação, uma relação não monogâmica também exige bastante conversa entre as pessoas envolvidas e estabelecimento de acordos e limites – que podem ser revistos e reavaliados de acordo com as conversas.
“Quem quer colocar em prática pode fazer uma experiência e medir o resultado. Talvez numa primeira experiência não haja uma perspectiva de tudo o que pode acontecer, então tem que ter esse tempo para o casal saber se é isso mesmo que quer ou foi só uma tentativa. Rola muita insegurança e, por isso, é importante fortalecer a relação com sua parceria e fazer experiências. Se os dois querem, mas não conseguem, discutir isso numa terapia pode ser interessante”, conclui Jairo.
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