Redação Publicado em 22/02/2022, às 16h00
As principais organizações de saúde recomendam que o aleitamento materno seja exclusivo por, pelo menos, seis meses após o nascimento do bebê com o objetivo de fornecer o desenvolvimento de uma nutrição ideal e melhores resultados de saúde. Porém, nem sempre essa é uma tarefa fácil e algumas mães param de amamentar precocemente ao perceberem falta de fornecimento adequado de leite.
Diante desse cenário, pesquisadores da Penn State College of Medicine (Estados Unidos) descobriram em um estudo recente, publicado na na revista Breastfeeding Medicine, que mulheres que interromperam a amamentação por acreditarem que tinham produção insuficiente de leite materno são mais propensas a terem uma mutação específica em um gene encontrado no tecido mamário.
Para a equipe o rastreamento dessa mutação, quando combinado com características maternas como idade e índice de massa corporal (IMC), pode ser útil na identificação de mães em risco de parar o aleitamento materno prematuramente devido à falta de leite.
Vale lembrar que fatores socioeconômicos e ambientais podem contribuir para a cessação precoce da amamentação, mas a oferta de leite também é uma razão frequentemente citada. Identificar mulheres com maior probabilidade de terem baixo fornecimento de leite pode ajudar a conseguir recursos e apoio para continuar amamentando, como serviços de consulta de lactação.
Para a pesquisa, foram estudados 18 genes altamente expressos no tecido mamário, onde o leite materno é produzido. A equipe acompanhou 88 mulheres entre 19 e 42 anos durante o primeiro ano de vida de seus bebês.
As mães foram questionadas sobre os hábitos alimentares das crianças nas idades de um, quatro, seis e doze meses sobre a oferta de leite percebida, se havia o complemento com fórmula e as razões pelas quais o faziam.
Diminuição ou baixa produção de leite, sinais de alergias ao aleitamento materno e outras razões pessoais, como trabalho, creche ou restrições de tempo também foram incluídos no questionário como possíveis motivos pelos quais as mulheres começaram a complementar a alimentação dos bebês com fórmula. Além disso, foi realizada ainda uma coleta de DNA das mães através da saliva.
Confira:
Utilizando as respostas coletadas, os pesquisadores classificaram as mães em dois grupos: fornecimento adequado ou inadequado de leite. Do total, 45 das participantes amamentaram por períodos mais curtos e relataram terem menos oferta de leite e bebês que não estavam ganhando o peso adequado.
A partir desse dado, a equipe analisou as amostras de DNA dessas mães e procurou mutações genéticas entre os 18 genes envolvidos na secreção do leite materno.
Embora modificações em 10 dos genes estudados tenham sido encontradas entre algumas mulheres, a equipe constatou que apenas uma variante – denominada MFGE8 – ocorreu com maior frequência em mulheres com menor fornecimento de leite. Aquelas sem a mutação eram mais propensas a terem a produção adequada de leite materno e a relatarem um tempo maior de duração da amamentação.
Segundo os pesquisadores, identificar o risco da falta de produção adequada do leite ainda no início do aleitamento pode fornecer oportunidades para intervenções precoces e direcionadas, como orientação de um profissional de apoio à lactação, auxiliando a apontar alimentos e medicamentos que ajudam ou dificultam a produção de leite.
A equipe explicou ainda que mais pesquisas são necessárias para descobrir os processos biológicos que determinam como esse gene em particular afeta o fornecimento de leite nas mães.
Os autores ressaltaram que as mulheres com essa mutação ainda produzem leite, mesmo que possa ser menos do que aquelas sem a condição. Mas desafios como má alimentação, hidratação ou sono podem ser suficientes para dificultar o suprimento que elas têm.
Assim, a triagem dessa variante, juntamente com a combinação de relatórios e características maternas, pode ajudar a identificar mães e bebês que talvez precisem de apoio adicional no processo da amamentação.
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