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“Natação e balé não resolvem escoliose”, alerta especialista

A escoliose pode se agravar durante a adolescência, e causar complicações futuras - iStock
A escoliose pode se agravar durante a adolescência, e causar complicações futuras - iStock

Você sabe o que é escoliose? É um desvio da coluna que, em cerca de 85% dos casos, tem origem desconhecida, e por isso é chamada de “idiopática”. Nas maioria das vezes, a escoliose é identificada na adolescência, dos 10 aos 14 anos de idade. Mas, apesar de ser um problema relativamente comum, que afeta cerca de 3% da população, seu diagnóstico muitas vezes é negligenciado.

Para chamar atenção para o tema, profissionais da Sociedade Brasileira de Escoliose promovem um evento online, no próximo dia 17, com a participação de fisioterapeutas, mães e pais, para compartilhar depoimentos e dicas de diagnóstico. A ideia é aproveitar as férias de Verão para estimular pais e cuidadores a prestarem mais atenção à postura das crianças.

“A escoliose geralmente é progressiva e, se não tratada corretamente e no tempo certo, pode demandar cirurgia”, conta a fisioterapeuta e osteopata Naíla Cordeiro. No adulto, o desvio pode se agravar e, além de causar dores, pode levar a complicações como compressão de órgãos, alterações cardíacas e problemas respiratórios.

Mitos comuns sobre a escoliose

Naíla esclarece que a escoliose não é provocada pelo uso inadequado de mochilas, ou pela postura incorreta ao se sentar, ao contrário do que muita gente imagina. “Fazer natação ou balé não resolve o problema”, acrescenta a profissional. E o RPG (Reeducação Postural Global) e a osteopatia também não tratam a condição, segundo ela. O que funciona? “São exercícios específicos para a escoliose, que devem ser feitos diariamente pelo jovem, em casa, com ajuda do familiar”, descreve.

Nos casos mais acentuados, o uso do colete, junto com os exercícios, pode ajudar bastante. Vale dizer que esses dispositivos evoluíram nos últimos anos, e são bem mais confortáveis e discretos do que os utilizados antigamente. Mas a estratégia só funciona enquanto o crescimento ósseo estiver em andamento.

Fique atento aos sinais

Naíla acredita que pais, cuidadores, professores e profissionais de saúde devem ficar de olho em possíveis alterações posturais nos jovens. Os principais sinais da escoliose são:

- um ombro mais alto que o outro

- cabeça inclinada

- lados da cintura diferentes

A escoliose é tridimensional, ou seja, envolve inclinação da coluna vertebral, extensão e giro sobre o próprio eixo. Sua incidência é maior no sexo feminino – a cada 10 casos, 8 são em meninas.

Um teste simples para identificar o desvio é o chamado “Teste de Adams”: pedir que a pessoa se incline para frente, sem camiseta, mantendo os pés juntos, os joelhos estendidos e os braços soltos. Nessa posição, fica fácil identificar uma gibosidade, ou seja, uma curvatura anormal. Diante da suspeita, a recomendação é procurar um profissional especializado, que irá solicitar um raio-X para confirmar o diagnóstico e o grau de escoliose.

Com 10 ou 20 graus, a escoliose é considerada leve. Entre 20 e 40, é moderada. Acima de 40, é considerada severa e, muitas vezes, demanda correção cirúrgica. “Confirmado o diagnóstico de escoliose, os exercícios específicos devem ser iniciados o quanto antes”, recomenda Naíla. E, mesmo entre adultos, os exercícios são importantes para evitar ou controlar complicações decorrentes da condição.

Evento online:

“Você sabe o que é escoliose?” – Grupo Pais Atentos (Sociedade Brasileira de Escoliose)

Quarta-feira, 17 de janeiro, às 20h

Inscrições e informações: doity.com.br/pais-atentos  ou www.sbescoliose.org.br

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin