Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h25 - Atualizado às 23h56
Está para começar no Brasil o primeiro estudo clínico com medicamentos da chamada nova geração de antivirais contra a Hepatite C. Eles trazem uma série de vantagens em relação às terapias atuais, como o fato de serem tomados somente por via oral, sem necessidade de injeções.
O novo tratamento dispensa o uso do interferon, substância que provoca uma série de efeitos colaterais indesejáveis. Além disso, dura apenas 12 semanas, um quarto do tempo necessário, atualmente, para combater o vírus.
Mas o principal benefício dos novos antivirais é aumentar a taxa de cura dos atuais 35% para até 100%. Hoje, não é incomum os pacientes enfrentarem um ciclo completo de tratamento e, no fim, descobrir que não conseguiram baixar a carga viral. Isso tem feito muitos infectologistas se referirem à nova geração de remédios como uma verdadeira revolução.
Neste novo estudo, será utilizada uma combinação de três antivirais (“Viekira Pak”), já aprovada pela FDA (agência que aprova medicamentos nos EUA) e pelas agências reguladoras na Europa. A combinação evita a replicação do vírus.
Ao todo, quatro novos medicamentos, de diferentes laboratórios, devem desembarcar este ano no Brasil. Dois já foram aprovados (daclastavir e simeprevir) e outros dois estão sob análise prioritária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (sofosburvir e os agentes virais de “Viekira Pak”, que é considerado de primeira escolha pela Associação Americana de Estudos de Doenças do Fígado).
Antes de chegarem aos pacientes, todos ainda devem passar por aprovação do Comitê Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias, que analisa diversos aspectos, como o custo-efetividade dos produtos.
O estudo clinico deve começar agora, em maio, e inclui 16 centros brasileiros, distribuídos em cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco.
Segundo o Ministério da Saúde, 1,5% da população brasileira pode estar infectada pelo vírus da hepatite C, ou seja, 3 milhões de pessoas. O número é quase três vezes o total de infectados pelo HIV.
Em muitos casos, o vírus da hepatite C é eliminado sozinho, mas a maioria dos infectados torna-se portador crônico e fica sem apresentar sintomas por 20 ou até 30 anos. Por ser silenciosa, a doença pode ser descoberta somente depois de ter causado muitos danos – tanto que essa hepatite é responsável por 25% de todos os casos de câncer de fígado. Por isso, fazer o exame de forma preventiva é importante.