Jairo Bouer Publicado em 12/02/2020, às 20h33
O número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST) teve um aumento de 76% nos EUA em pouco mais de uma década, sendo que nas áreas rurais a elevação chega a 98%, ou seja, o número dobrou. Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Fair Health, um grupo sem fins lucrativos e independente, com base em solicitações a seguradoras de saúde realizadas no período de 2007 a 2018.
Os diagnósticos de clamídia e gonorreia mais que dobraram no período analisado, com aumentos de 149% e 126%, respectivamente. Vale destacar que, para gonorreia, o número de casos entre homens mais do que quadruplicou (+326%), segundo o levantamento, que foi divulgado no site MedPage.
O número geral de casos de sífilis teve elevação de 80%. Já os de Mycoplasma genitalium mais do que triplicaram – para quem nunca ouviu falar, essa bactéria é causa comum de ISTs, e tem sido monitorada nos EUA e na Europa devido à ocorrência de casos resistentes a medicamentos, o que também acontece com a gonorreia.
A pesquisa também aponta diferenças entre as faixas etárias. Os diagnósticos de hepatite B, por exemplo, tiveram maior aumento (+149%) na população acima dos 60 anos. Já para clamídia, o maior crescimento foi entre os jovens de 19 a 22 anos (+90%), e, para a sífilis, na faixa de 23 a 30 anos de idade (+74%).
De acordo com pesquisadores norte-americanos, o aumento mais pronunciado de registros de ISTs nas áreas rurais do país se deve à maior dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde nessas regiões, bem como pela visão mais conservadora das pessoas em relação a sexo, em comparação com residentes de áreas urbanas.
Essa não é a primeira pesquisa a causar preocupação em relação às ISTs. Resultados parecidos têm aparecido em outros países, e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já divulgou que 1 milhão de novos casos são registrados diariamente em todo o mundo.
No Brasil, o cenário não é diferente. De acordo com o Ministério da Saúde, foram notificados mais de 158 mil casos de sífilis em 2018, o que representa um aumento de 28,3% em relação ao ano anterior. São 18 registros por hora.
A pasta ainda informa que 900 mil brasileiros vivem com o HIV, e estima que 135 mil têm o vírus e não sabem, porque não fizeram o teste. Como não há notificação compulsória para gonorreia, clamídia e outras ISTs, não há como estimar o aumento.
Todas essas infecções podem ser evitadas com o uso correto de preservativo em todas as relações, do começo ao fim. De qualquer forma, qualquer pessoa com vida sexual ativa deve ir ao médico e fazer exames regularmente, independente de idade ou orientação sexual. Quando não tratadas, as ISTs podem ter consequências graves à saúde.