Redação Publicado em 15/09/2021, às 12h00
Um novo estudo, realizado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, com mais de 30 mil pacientes, apontou que se tornar ativo, mesmo quando mais velho, pode ser tão benéfico quanto ter começado a praticar exercícios quando jovem. Sim, muita gente ainda pensa que, se uma pessoa não praticou atividades físicas na juventude, isso não poderá ser recuperado no futuro.
Porém, o estudo, apresentado no último Congresso ESC (European Society of Cardiology) 2021, mostrou que se tornar ativo, mesmo mais tarde na vida, pode ser quase tão benéfico quanto ter praticado exercícios de forma contínua. A pesquisa investigou os níveis de atividade ao longo do tempo e sua relação com o risco de morte em pacientes com doença cardíaca.
“Essas descobertas encorajadoras destacam como os pacientes com doença coronariana podem se beneficiar com a preservação ou adoção de um estilo de vida fisicamente ativo”, explica Juliano Burckhardt, médico cardiologista, geriatra e nutrólogo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Pacientes com doença cardíaca recebem a orientação de praticar atividade física, porém essas recomendações são amplamente baseadas em estudos que utilizaram apenas uma avaliação ou uma média dos níveis de atividades avaliados ao longo do tempo.
“No entanto, o estudo investigou os níveis de atividade ao longo do tempo e sua relação com o risco de morte em pacientes com doença cardíaca. A meta-análise incluiu 33.576 pacientes com doença cardíaca coronária. A média de idade foi de 62,5 anos e 34% eram mulheres. O acompanhamento médio foi de 7,2 anos”, comenta Burckhardt.
A atividade foi avaliada no início e no acompanhamento por meio de questionários validados e os participantes foram classificados como ativos ou inativos nos dois momentos. “As definições de ativo e inativo variaram entre os estudos, mas estavam de acordo com as recomendações para pessoas saudáveis: pelo menos 150 minutos por semana de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de atividade vigorosa ou uma combinação”, diz o médico.
Para a realização do estudo, os pacientes foram divididos em quatro grupos, de acordo com seu status de atividade no início e no acompanhamento: inativos ao longo do tempo, ativos ao longo do tempo, aumento da atividade ao longo do tempo e diminuição da atividade ao longo do tempo. Todos os estudos definiram “aumento da atividade ao longo do tempo” como passagem da categoria inativa para a ativa e “redução da atividade ao longo do tempo” como passagem da categoria ativa para a inativa.
Foram examinados os riscos de morte por todas as causas e por doenças cardiovasculares de acordo com os quatro grupos. “Em comparação com pacientes que permaneceram inativos ao longo do tempo, o risco de morte por todas as causas foi 50% menor naqueles que eram ativos ao longo do tempo, 45% menor naqueles que eram inativos, mas se tornaram ativos, e 20% menor naqueles que eram ativos mas tornaram-se inativos”, explica Burckhardt.
Segundo o estudo, resultados semelhantes foram observados para morte por doença cardiovascular. O risco de mortalidade cardiovascular foi 51% menor entre aqueles que permaneceram ativos e 27% menor para aqueles cuja atividade aumentou em comparação com aqueles que permaneceram inativos. A mortalidade cardiovascular não foi estatisticamente diferente para aqueles cuja atividade diminuiu ao longo do tempo, em comparação com aqueles que permaneceram inativos.
“Os resultados mostram que continuar um estilo de vida ativo ao longo dos anos está associado a maior longevidade. No entanto, os pacientes com doenças cardíacas podem superar anos anteriores de inatividade e obter benefícios de sobrevivência praticando exercícios mais tarde na vida. Por outro lado, os benefícios da atividade podem ser enfraquecidos ou mesmo perdidos se a atividade não for mantida. Os resultados ilustram os benefícios para os pacientes cardíacos de serem fisicamente ativos, independentemente de seus hábitos anteriores”, finaliza o médico.
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