O metabolismo desacelera na meia-idade? Pesquisadores dizem que não

Estudo desafia suposições sobre o gasto energético e revela que o metabolismo é dividido em quatro fases

Redação Publicado em 13/08/2021, às 19h00

Uma das principais descobertas foi que o auge das taxas metabólicas acontece até um ano de idade - iStock

Quando o assunto é metabolismo, alguns conceitos são comuns: as pessoas engordam ano após ano a partir dos 20 anos porque seus metabolismos desaceleram, especialmente na meia-idade. Ou: o metabolismo das mulheres é mais lento e é por isso que elas têm mais dificuldade em controlar o peso – e a menopausa só piora as coisas. 

Entretanto, de acordo com um novo estudo publicado na revista Science, essas são afirmações equivocadas e tudo o que achamos saber sobre metabolismo pode estar errado. Usando dados de quase 6.500 pessoas, entre oito dias e 95 anos, os pesquisadores descobriram que existem quatro períodos distintos de vida no que diz respeito ao metabolismo. 

A pesquisa revelou ainda que não há diferenças reais e significativas nas taxas metabólicas de homens e mulheres após o controle de outros fatores. 

40 anos de coleta 

Com seis laboratórios coletando dados ao longo de 40 anos, a equipe tinha informação suficiente para analisar as mudanças no metabolismo com o decorrer da vida. Para isso, foi utilizado um método considerado “padrão ouro”, que envolve medir as calorias queimadas rastreando a quantidade de dióxido de carbono que uma pessoa exala durante as atividades diárias. 

Confira:

Além disso, os pesquisadores também tiveram acesso ao peso, altura e porcentagem de gordura corporal dos participantes, o que permitiu analisar as taxas metabólicas fundamentais. Uma pessoa menor queima menos calorias do que uma maior, mas corrigindo o tamanho e porcentagem de gordura, o metabolismo é diferente?

Os quatro estágios do metabolismo

A principal descoberta do estudo foi que o metabolismo difere para todas as pessoas em quatro estágios distintos da vida:

  1. Na infância: até um ano de idade, a queima de calorias está no auge, chegando até 50% acima da taxa dos adultos; 
  2. Dos 10 aos 20 anos: nessa fase, o metabolismo diminui gradualmente cerca de 3% ao ano; 
  3. Dos 20 aos 60 anos: intervalo de tempo em que o metabolismo se mantém estável;
  4. Após os 60 anos: diminui cerca de 0,7% ao ano. 

Além disso, após controlar a altura e a quantidade de músculos das pessoas, os pesquisadores também não encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres. 

Como era de se esperar, enquanto os padrões de taxa metabólica se mantêm para a população, entre os indivíduos eles variam. Ou seja, existem pessoas com taxas metabólicas 25% abaixo da média para a sua idade e outras com índices 25% maiores. Porém, esse fato não altera o padrão geral que mostra a trajetória dessas taxas ao longo dos anos. 

Descobertas surpreendentes 

Uma das descobertas mais surpreendentes para os pesquisadores foi o metabolismo dos bebês. Estimava-se, por exemplo, que um recém-nascido tivesse uma alta taxa metabólica, afinal, uma regra geral da biologia diz que animais menores queimam calorias mais rápido do que os maiores. 

Porém, em vez disso, foi observado que, no primeiro mês de vida, o bebê tem a mesma taxa metabólica que a sua mãe. E, pouco depois do seu nascimento, algo começa a acontecer e esse índice decola. 

A equipe também esperava que o metabolismo dos adultos começasse a desacelerar quando estivessem na faixa dos 40 anos ou, no caso das mulheres, no início da menopausa. Mas não foi bem assim. 

A desaceleração metabólica, que começa por volta dos 60 anos, resulta em um declínio de 20% da taxa aos 95 anos. Segundo os pesquisadores, mesmo que as pessoas ganhem, em média, mais de um quilo e meio por ano durante a idade adulta, elas não podem mais atribuí-lo à desaceleração do metabolismo. 

As necessidades energéticas do coração, fígado, rim e cérebro representam 65% da taxa metabólica de repouso, embora constituam apenas 5% do peso corporal de um indivíduo. Assim, um metabolismo mais lento após os 60 anos, pode significar que os órgãos cruciais estão funcionando menos à medida que as pessoas envelhecem. 

Essa pode ser, inclusive, uma das razões pelas quais as doenças crônicas tendem a ocorrer frequentemente em pessoas mais velhas.    

Veja também:

metabolismo meia-idade gasto energético

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