Segundo pesquisa, 20% dos relacionamentos acabam após infidelidade
Jairo Bouer Publicado em 25/01/2021, às 15h12
O que se passa depois de alguém ter um caso? Ele termina seu relacionamento? Fica com o novo “affair”? Uma pesquisa recente publicada no periódico Journal of Sex & Marital Therapy apontou que 20% dos relacionamentos acabaram imediatamente depois de uma experiência de infidelidade, e que apenas 10% das pessoas engataram um romance com quem motivou a separação.
Apesar de o estudo merecer algumas ressalvas, já que envolveu apenas 495 pessoas, foi feito online, com entrevistados ainda jovens (média de idade de 20 anos) e predominantemente heterossexuais (88%), ele possibilita algumas reflexões sobre essa situação que é vivenciada por muitos casais.
Causa x efeito
Os pesquisadores conseguiram identificar relações significativas entre as motivações para a infidelidade e os desfechos dessas experiências.
Quando o motivo básico para a traição é raiva do parceiro ou falta de amor, os casos tendem a ser mais longos, os encontros públicos com o “affair” são mais comuns e é maior a chance de dissolução da relação primária.
Em contrapartida, quando a causa principal é estar se sentindo estressado ou ansioso (ou seja, sem nenhum problema específico com o parceiro), os casos são mais curtos, o sexo extraconjugal é menos satisfatório e as taxas de término do relacionamento oficial são mais baixas.
Infidelidade como sintoma
A pesquisa mostrou que além dos 20% que terminaram diretamente por causa da infidelidade, outros 27% acabaram se separando dos seus parceiros por outras razões, o que reforça a ideia de que o caso, muitas vezes, pode ser apenas mais um sintoma de uma relação que já não ia bem. No frigir dos ovos, direta ou indiretamente, quase a metade das relações acabou depois dessa experiência.
Nos relacionamentos que terminaram, as pessoas afirmaram que sentiam menos intimidade com seus parceiros oficiais e uma menor frequência de sexo. Falta de amor, raiva, sentir-se negligenciado e estar menos comprometido com a relação também foram percepções mais frequentes no grupo que se separou.
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O que fazer com o “affair”?
Quase 1 em cada 3 ficou amigo da pessoa que motivou a infidelidade, e outro terço continuou a encontrar o “ficante” ocasionalmente. Um em cada 4 cortou totalmente o contato, e apenas 10% dos casos se converteram efetivamente em um novo relacionamento.
Nesse sentido, parece que pouca gente que tem um caso busca viabilizar uma nova história romântica. Esse desfecho parece ser mais um “acidente de percurso” do que um objetivo em si mesmo, pelo menos na amostra estudada.
Contar ou não contar: eis a questão!
Como a intenção primária parece não ser se separar, não é à toa que na maioria das vezes (em 2/3 dos das situações) o caso ficou nas sombras, e o parceiro oficial jamais soube o que aconteceu. No terço que compartilhou a informação com seu parceiro, as mulheres foram mais sinceras que os homens: 41% delas contaram o que aconteceu , enquanto apenas 30% deles revelaram o caso.
Quando a traição é motivada puramente por um desejo de variar as experiências sexuais a chance de contar para o parceiro oficial tende a ser menor. Quando o motivo é a insatisfação com o parceiro, a chance de dividir essa informação aumenta, talvez como uma tentativa de “corrigir” o que não vai bem no relacionamento ou até de tentar chamar a atenção do outro.
Estudo pequeno, pessoas jovens
Importante dizer que o fato de investigar cerca de 500 pessoas mais jovens, com pouca experiência em relacionamentos longos, pode impactar os resultados. Entre as pessoas mais experientes, com relacionamentos de décadas, uma longa história comum construída e filhos para criar, por exemplo, as respostas e os desfechos encontrados podem ser bem diferentes.
Moral da história: a infidelidade pode ocorrer por diversas causas (além da tradicional ideia de que ela só acontece porque um casal não estava bem), e essa variabilidade de causas pode ajudar a prever e até entender o que acontece com os relacionamentos depois dessa experiência.
Essa informação também ajuda a perceber que tentar passar uma “receita de bolo única” para amigos e amigas que estão enfrentando uma situação como essa talvez não seja a melhor estratégia. A chance de dar “bola fora” é grande. Como diria a velha e boa sabedoria popular, e com o perdão do trocadilho, cada caso é um caso!
(texto extraído da Coluna do Jairo Bouer no UOL VivaBem)
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