Redação Publicado em 21/03/2025, às 10h00
Se você sofre de dor lombar, saiba que não está sozinho. Esta é uma das principais causas de incapacidade no mundo todo, e estudos mostram que cerca de 60% da população brasileira enfrenta o problema. Durante as crises, é comum tentar de tudo: analgésicos, acupuntura, canabinoides, compressas e assim por diante. Mas será que tudo isso funciona?
Segundo uma análise de pesquisas publicadas sobre o tema, apenas cerca de 1 em cada 10 tratamentos comuns não cirúrgicos e não invasivos para dor lombar é eficaz. E o alívio da dor que eles oferecem não é tão maior do que o alcançado com um placebo, indicam os resultados.
O trabalho, publicado no periódico BMJ Evidence-Based Medicine, envolveu mais de 300 estudos e comparou 56 tratamentos não invasivos para dor lombar, como medicamentos e exercícios, com placebos. Os pacientes eram de diversos países. Os pesquisadores usaram um método estatístico para combinar os resultados desses estudos e tirar conclusões, um processo conhecido como metanálise.
Cerca de 80% dos casos de dor lombar são categorizados como “inespecíficas”, porque não há uma causa imediatamente identificável. Abordagens não cirúrgicas e não invasivas são recomendadas como o tratamento inicial. Mas muitas opções estão disponíveis, e nem sempre é fácil saber quais são eficazes.
Das 69 comparações de tratamento incluídas nos ensaios, a certeza da evidência foi moderada para 11 (16%), baixa para 25 (36%) e muito baixa para 33 (48%).
A análise de dados combinados mostrou que, em comparação com o placebo, nenhum tratamento não farmacológico e apenas os anti-inflamatórios se mostraram eficazes para dor lombar aguda. Mas eles possuem efeitos colaterais.
Evidências de qualidade moderada mostraram que exercícios, injeções de esteroides e paracetamol não foram eficazes para dor lombar aguda. Anestésicos e antibióticos também não foram considerados eficazes para dor lombar crônica, mostrou a análise.
Já exercícios, manipulação espinhal, bandagem, antidepressivos e medicamentos que atuam nos receptores de dor (chamados de “agonistas TRPV1”) se mostraram eficazes para dor lombar crônica. Mas os efeitos foram pequenos.
As evidências foram inconclusivas para 10 tratamentos não farmacológicos e 10 farmacológicos para dor lombar aguda. Também foram inconclusivas para uma ampla gama de 22 outras terapias para dor lombar crônica, incluindo acupuntura, massagem, osteopatia e TENS, antidepressivos + paracetamol, medicamentos complementares, bifosfonatos e relaxantes musculares.
Os pesquisadores destacam que muitos dos ensaios disponíveis incluíram apenas alguns participantes e relataram resultados inconsistentes, além de que o tipo e a qualidade de alguns dos placebos usados variaram consideravelmente. Assim, é preciso que estudos mais precisos sejam feitos, antes de se abandonar por completo essas terapias.