Obesos têm risco menor de morrer do coração, sugere estudo

Pacientes magros ou com peso normal com doença coronariana apresentaram risco de mortalidade maior após procedimentos de revascularização

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57

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O excesso de peso, caracterizado por um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, é associado a várias doenças cardiovasculares. No entanto, um estudo norte-americano revela a existência de um “paradoxo da obesidade”:  o risco de morrer por essas mesmas doenças é maior para pacientes magros do que para os que estão acima do peso.

O trabalho, publicado na Mayo Clinic Proceedings, avaliou 36 estudos, que envolviam dezenas de milhares de pacientes com doença arterial coronariana submetidos a procedimentos de revascularização, como a colocação de stents ou cirurgia de bypass coronariano. A análise mostrou que o risco de morrer por infarto ou outros problemas cardiovasculares foi 1,8 a 2,7 vezes maior em pacientes com baixo peso (IMC inferior a 20 kg/m2), ao longo de quase dois anos.

Por outro lado, pacientes com excesso de peso e obesos tiveram resultados mais favoráveis. O risco de mortalidade cardiovascular foi menor entre os pacientes com sobrepeso (IMC de 25 a 30 kg/m2) em comparação com o de pessoas com IMC normal (20 a 25 kg/m2). E, em pacientes obesos e obesos mórbidos (IMC de 30 a 35 e acima de 35 kg/m2, respectivamente), a mortalidade total por 27% e 22% menor que a de pessoas com peso normal.

O principal autor do estudo, Abhishek Shama, da Universidade Estadual de Nova York, diz que por enquanto só é possível especular sobre possíveis explicações para o paradoxo. Uma hipótese é que pacientes com excesso de peso tendem a receber com mais frequência dos médicos a prescrição para remédios que protegem o coração, como drogas para pressão alta e para baixar o colesterol, e em doses mais altas.

Além disso, o pesquisador sugere que a reserva metabólica mais alta dos pacientes com excesso de peso poderia servir como fator de proteção em doenças coronarianas crônicas. Outra possibilidade é que os obesos tinham um dano maior nos vasos, e isso teria contribuído para resultados mais favoráveis após os procedimentos.

Mais estudos são necessários para explicar, ao certo, a vantagem dos pacientes com excesso de peso. Os pesquisadores esclarecem, no entanto, que os resultados não devem tirar a legitimidade das campanhas antiobesidade, já que o excesso de peso é, sim, um fator de risco importante para diversas doenças, inclusive do coração.

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