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Pandemia fez dependência de álcool disparar nos EUA, segundo pesquisa

O uso abusivo de álcool foi mais alarmante em adultos jovens e pessoas que perderam emprego - iStock
O uso abusivo de álcool foi mais alarmante em adultos jovens e pessoas que perderam emprego - iStock

Redação Publicado em 16/02/2021, às 17h37

A pandemia de Covid-19 fez a proporção de norte-americanos com sintomas de dependência de álcool ou com transtorno grave pelo uso da substância mais do que triplicar no ano passado, segundo um estudo publicado no periódico Psychiatry Research. O trabalho também mostra que houve um aumento alarmante no consumo geral e também no uso abusivo de álcool, especialmente entre adultos jovens e pessoas que perderam o emprego.

O trabalho, conduzido por psiquiatras da Universidade do Arizona, contou com 5.931 adultos de todas as regiões do país, entrevistados entre os meses de abril e setembro do ano passado. A cada mês, cerca de 1.000 pessoas responderam perguntas sobre o tema.

As questões avaliaram a frequência e a quantidade de álcool consumido, o uso problemático ou nocivo de álcool (que envolve a ingestão de mais de cinco doses de álcool em uma ocasião) e, ainda, indícios de dependência.

Os resultados, publicados no periódico Psychiatry Research, indicam que o uso problemático de álcool para quem estava no "lockdown" aumentou de 21%, em abril, para 40,7% em setembro. A proporção de indivíduos com provável dependência de álcool saltou de 7,9% para 29,1%. E a proporção de participantes com pontuação máxima, ou seja, com um quadro severo de dependência de álcool, pulou de 3,9% para 17,4%.

Jovens e trabalho

De acordo com os pesquisadores, os jovens foram os mais suscetíveis ao aumento do uso de álcool durante a pandemia, algo que pode aumentar bastante o risco de que se tornem dependentes no futuro.

Os autores alertam que o uso abusivo de álcool não apenas afeta a saúde física e mental de quem bebe, já que eleva os riscos de doenças do fígado, câncer e depressão, entre outras, com o também eleva o risco de agressões e violência doméstica.

Eles também ressaltam que não apenas desempregados passaram a consumir mais bebida alcoólica, como muitos trabalhadores que trabalham remotamente. É o que os pesquisadores chamam de “presenteísmo” – a pessoa pode até participar de reuniões e responder a emails, mas não contribui de forma produtiva por causa dos efeitos do álcool.

No Brasil

Tudo indica que, no Brasil, o cenário não seja diferente. Uma pesquisa divulgada pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em 33 países, e divulgada no fim do ano passado, mostrou que 42% dos brasileiros participantes relataram ter aumentando o consumo de bebida durante os primeiros meses de pandemia.

Foram ouvidas mais de 23 mil pessoas com mais de 18 anos, e o Brasil foi o país com maior número de entrevistados, com mais de 30% da amostra. A prevalência do uso pesado de bebida também foi maior entre os mais jovens, segundo a Opas.

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