Pandemia piorou humor, sono e concentração dos adolescentes brasileiros

Pesquisa mediu o impacto que a rotina dos últimos meses teve na vida de 9.470 jovens de 12 a 17 anos de idade

Redação Publicado em 18/12/2020, às 18h23

Maioria dos jovens relatou problema para absorver o conteúdo das aulas à distância - Freepik

Metade dos adolescentes brasileiros relatou ter se sentido preocupado, nervoso ou mal-humorado durante a pandemia, e a tristeza foi mencionada por quase um terço deles. É o que mostra uma grande pesquisa sobre como a Covid-19 teve impacto na rotina, na saúde e no ânimo dos jovens.

O trabalho, batizado de Convid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos, foi realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os pesquisadores contaram com 9.470 jovens de 12 a 17 anos de idade, abordados entre junho e setembro deste ano. A seguir, você confere os principais resultados da pesquisa:

Covid-19

Ao todo, 3,9% dos adolescentes receberam diagnóstico positivo de Covid-19, sendo que a proporção foi um pouco mais alta para o sexo masculino, e entre os jovens de 16 a 17 anos. O percentual foi mais baixo na Região Sul (2,1%) e mais alto na Região Norte (6,1%).

Comportamentos de prevenção

De modo geral, a maioria dos adolescentes, ou quase 89%, disse ter aderido ao uso da máscara e 76,1% à lavagem de mãos para evitar a infecção.

A maioria dos jovens também aderiu às medidas de restrição social, embora o percentual tenha sido um pouco mais baixo (71,5%), sendo que 25,9% relataram restrição total e 45,6%, restrição intensa (sair só para supermercados ou casa de familiares). A maior adesão ocorreu no Sul (74,1%) e a menor, no Norte (66,1%). Enquanto os mais novos foram mais propensos a relatar restrição social total, os mais velhos mostraram maior adesão à restrição social intensa.

Sono e saúde geral

Entre os entrevistados, 30% consideraram que sua saúde piorou durante a pandemia, sendo que as meninas foram as que mais sentiram esse impacto, bem como os adolescentes mais velhos.

A piora na qualidade de sono foi relatada por 36% dos adolescentes, sendo que 23,9% passaram a ter problemas e 12,1% já tinham, mas tiveram o quadro piorado com a pandemia. Mais uma vez, as meninas e os adolescentes de 16 a 17 anos foram os que mais sofreram para dormir.

Humor abalado

Do total de adolescentes, 31.6% relataram tristeza na maioria das vezes (22,4%) ou sempre (9,2%) durante a pandemia, sendo que a proporção foi duas vezes maior entre as meninas.

Sentir-se isolado dos amigos foi um problema para 32,8% dos jovens, e algo que também incomodou mais às garotas.

Preocupação, nervoso ou mau humor foram sensações descritas por praticamente medade dos jovens (48,7%), sendo que entre elas a proporção chegou a 61,6%.

Alimentação e atividade física

A ingestão mais frequente de alimentos não saudáveis em dois ou mais dias da semana foi outro ponto negativo da pandemia na vida dos jovens. O consumo de pratos congelados e o de chocolates e doces aumentaram 4%. A atração por itens açucarados foi maior para as garotas – 58,1% delas disseram ter comido mais esse tipo de alimento. Já o consumo de frutas e hortaliças permaneceu similar ao observado antes da Covid-19.

Mais de 43% dos jovens afirmaram não ter praticado atividade física por 60 minutos em nenhum dia da semana, sendo que antes da pandemia essa proporção era de 20,9%. Quem fazia uma hora de exercício cinco ou mais vezes na semana também não conseguiu manter a frequência (a proporção caiu de 28,7% para 15,7%).

Sedentarismo e tempo de tela

Antes da pandemia, os adolescentes costumavam ficar 3 horas e 20 minutos sentados, vendo TV ou no videogame. Depois, o esse tempo aumentou para 5 horas e 3 minutos.

Mais de 60% dos adolescentes passaram mais de 4 horas/dia em frente ao celular, tablet ou computador. Para os de 16 a 17 anos de idade, a proporção doi 70%.

Problemas com ensino à distância

A maior parte dos adolescentes sentiu dificuldade para acompanhar o ensino à distância: 59% sofreram com falta de concentração; 38,3% reclamaram da falta de interação com os amigos. Garotas e também os mais velhos foram os que sofreram mais com isso.

Em relação à absorção do conteúdo, 47,8% disseram ter entendido pouco o que foi ensinado (51,3% das meninas e 44,1% dos meninos) e 15,8% afirmaram não entender nada (17,4% das meninas e 14,1% dos meninos).

 

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