O coração sempre foi considerado um órgão nobre, afinal, devemos a ele a manutenção de todos os outros órgãos funcionando; desde a antiguidade, sempre foi o órgão que nos remetia ao dom da vida.
A cada batida do coração, que é um músculo, o sangue é ejetado para circular e levar nutrientes para todo o corpo. Esse bombeamento é feito por um conjunto de tubos que circundam todo o nosso organismo, nosso sistema arterial, levando sangue rico em oxigênio e nutrientes.
Depois que os órgãos usam esse sangue, tiram todo o oxigênio e nutrientes, o sangue precisa voltar para ser novamente oxigenado no pulmão, mas nesse momento temos algumas dificuldades. O sangue, que é um líquido, precisa retornar contra a ação da gravidade até o pulmão. Para vencer esse desafio, ele conta com um personagem de suma importância, que entre os médicos é conhecido como o coração das pernas: o músculo da panturrilha.
Existem alguns personagens que ajudam nesse retorno do sangue, o chamado retorno venoso. O primeiro seria a pressão negativa feita pelos nossos movimentos respiratórios, que “sugam” o sangue em direção ao pulmão; além deles, os outros músculos da coxa e até o glúteo, que se juntam à panturrilha, como um time para trazer o sangue de volta ao pulmão.
Mas nesse trabalho em equipe, o grande herói ainda é a panturrilha, que sozinha é responsável por 90% do trabalho.
Sendo assim, fica fácil entender o quão importante é a batata da perna, e o prejuízo que podemos ter em nossa circulação se não lhe dermos a devida atenção.
Qualquer situação onde a panturrilha não funcione adequadamente vai piorar a circulação, diminuindo a velocidade do sangue dentro das veias, o que pode causar retenção de líquido nas pernas, levando a inchaço, pernas pesadas, cansadas e aumentando a predisposição de desenvolver varizes e trombose venosa.
Como o bombeamento do sangue nos membros inferiores é feito através da musculatura da panturrilha, toda forma de exercício físico que fortaleça os músculos da região é extremamente benéfica. O sedentarismo é um dos maiores fatores agravantes da doença varicosa.
E não tem desculpa para não começar a se exercitar. Saiba que tanto uma boa circulação melhora o rendimento esportivo quanto um bom rendimento esportivo melhora a circulação. Então, se você não começa a praticar diariamente atividade física porque a sua circulação sanguínea não é das melhores e tem medo do cansaço e ‘sensação de peso’, entenda que aos poucos essa situação tende a mudar.
Ou seja, quanto mais você se exercita, melhor será seu condicionamento vascular (tanto a função venosa quanto a arterial), afinal aqui nossos dois corações trabalham juntos, ativando praticamente nosso corpo inteiro.
E você não precisa ser atleta profissional para afastar os riscos de problemas vasculares. Os exercícios de baixo impacto são benéficos, pois a contração da musculatura em caminhadas, por exemplo, entre outros benefícios, aumenta a velocidade do fluxo do sangue nas veias.
Outra opção é a musculação. Além da queima de gordura e do ganho muscular, a musculação protege os ossos, melhora a postura, a flexibilidade, a resistência física e, principalmente, a circulação. Porém, apesar de ser extremamente benéfica, a musculação deve ser realizada de maneira correta e sempre com o acompanhamento de um profissional de educação física.
Por fim, uma boa maneira de melhorar esses problemas circulatórios seria com o uso de meias elásticas de compressão, mas você sabe como elas funcionam? Elas basicamente mimetizam a ação da panturrilha, melhorando a qualidade do seu bombeamento, otimizando o retorno venoso e evitando suas complicações. Através de uma compressão graduada, elas apertam a musculatura, ajudando contra a ação da gravidade.
Costumo brincar com as minhas pacientes que fazer atividade física para a panturrilha é como usar uma meia elástica natural, a favor da sua circulação. E você, sabe como está a saúde dos seus ‘dois corações’?
* Aline Lamaita é cirurgiã vascular, membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
Aline Lamaita*
Cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, hoje dedica a maior parte do seu tempo à flebologia (estudo das veias). Possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
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