Redação Publicado em 19/11/2018, às 17h45
Conversar com outras pessoas é um remédio antigo para diversos males. Mas será que o tipo de conversa que se tem nas redes sociais pode trazer benefícios para o bem-estar também? Um estudo sugere que infelizmente não.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Oregon decidiu comparar os efeitos de encontros reais para a saúde mental com o contato realizado via Facebook com amigos e familiares. Eles queriam saber se a plataforma poderia ajudar veteranos do Exército americano no alívio de sintomas de depressão e transtorno do estresse pós-traumático.
O trabalho contou com 587 indivíduos, que tiveram seus hábitos sociais e sintomas avaliados. Há muito tempo que os cientistas sabem que o apoio social funciona como um amortecedor contra o estresse e pode ser uma ferramenta importante para quem enfrentou situações difíceis, como guerras ou traumas. Mas os autores concluíram que só as interações frente a frente trazem benefícios para a saúde mental.
Os resultados mostraram que os participantes que tinham contato presencial com amigos ou parentes pelo menos algumas vezes por semana tinham cerca de 50% menor risco de depressão e de sintomas de estresse pós-traumático, como pesadelos, insônia e memória frequente do evento que causou o transtorno. Mas a frequência dos contatos realizados por meio do Facebook não afetou o quadro.
Os resultados, que serão publicados no Journal of Affective Disorders, reforçam os de um outro trabalho conduzido pela equipe em 2015. Na ocasião, os pesquisadores descobriram que o contato via telefone, e-mail ou carta também não era capaz de substituir um encontro real no que se refere aos benefícios para o bem-estar.
Claro que as redes sociais trazem inúmeras vantagens, como a possibilidade de encontrar pessoas do passado, manter contato com quem vive longe e até ter acesso a novos grupos. E a maioria das pessoas que utiliza o Facebook todos os dias também têm contatos reais diariamente. Mas, para os pesquisadores, nada substitui um encontro de verdade.
Os autores comentam que as ferramentas que permitem conversas em vídeo, por outro lado, podem ter resultados melhores para quem sofre de transtornos psiquiátricos. Se não dá para encontrar alguém de verdade, talvez essa seja uma opção interessante.