Articular as palavras ajuda a memória, mas a necessidade de expressá-las para outra pessoa funciona melhora ainda
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h32 - Atualizado às 23h55
Dois pesquisadores da Universidade de Montreal, do Canadá, decidiram comprovar se o hábito de repetir em voz alta realmente ajuda a memorizar frases e palavras – algo que muita gente faz até por instinto.
Victor Boucher e Alexis Lafleur pediram a 44 estudantes universitários para participar de uma série de tarefas. Primeiro, eles tinham que ler diversas palavras com a mesma raiz (por exemplo: cantar, cantor, cantora e cantoria) em uma tela de computador.
Depois, os participantes tinham que repetir as palavras de quatro maneiras diferentes: mentalmente, em silêncio e com movimento labial, em voz alta olhando para a tela e, ainda, em voz alta, mas dirigindo-se para outra pessoa. Eles fizeram tudo isso utilizando fones de ouvido que emitiam um “ruído branco”, que os impedia de ouvir a própria voz.
Depois das tarefas, eles faziam uma atividade para se distrair e, então, eram convidados a identificar as palavras na nova tela, sendo que algumas delas não tinham sido mostradas nos testes. Os pesquisadores descobriram que repetir os termos para outra pessoa foi o recurso que produziu a maior recuperação de memória verbal. Repetir mentalmente foi o que funcionou pior.
Em artigo publicado na revista Consciousness and Cognition, os autores dizem que o simples fato de articular as palavras sem cria um vínculo sensorial e motor que aumenta a capacidade de lembrar. Mas se isso for associado à necessidade de se expressar, a informação é melhor retida no cérebro.