O parto domiciliar tem sido cada vez mais escolhido por diversas mulheres, mas é preciso entender seus perigos
Giulia Poltronieri Publicado em 30/08/2021, às 10h00
Embora a tecnologia nos hospitais esteja cada vez mais avançada, muitas mulheres estão tomando o caminho contrário quando se trata de dar à luz. Ultimamente, tem sido cada vez mais comum ler relatos de partos feitos em casa, com poucas pessoas presentes e em um ambiente intimista. Mas será que isso pode trazer algum risco?
A ginecologista e obstetra Letícia Piccolo comenta que um parto realizado no hospital tem suas vantagens: “Ali, há todos os recursos caso ocorra uma emergência e o obstetra tenha que partir para uma cesariana. Já em casa, às vezes esse trajeto casa–hospital pode demorar demais, ainda mais quando a emergência é com o bebê”, explica ela. “Se a mãe, por exemplo, sangra demais, ela ainda terá mais tempo no caso do trajeto. Já para o bebezinho, pode ser tarde demais.”
Entre as famosas que escolheram essa opção, podemos citar, por exemplo, Gisele Bündchen. Em uma entrevista para o “Mais Você”, ainda em 2014, a modelo contou que seus dois filhos nasceram em uma banheira em sua casa.
Para Letícia, há um motivo para tantas mulheres optarem por dar à luz em casa: “Acredito que seja pelo conforto caseiro, acolhedor, um ambiente mais confortável. Totalmente diferente de hospitais que, em sua grande maioria são ambientes mais ‘frios’, estéreis e hostis. Por outro lado, é justamente essa esterilidade dos hospitais que faz com que sejam também mais controlados, em termos de equipamentos, caso seja necessário durante o trabalho de parto”.
A ginecologista acrescenta que a figura da doula — uma mulher que acompanha toda a gravidez e dá apoio físico e emocional à gestante — também influencia na preferência por esse tipo de parto. “Acredito muito que a figura delas veio para empoderar outras mulheres no trabalho de parto. Elas passam esse acolhimento para a mulher que está em trabalho de parto.”
É claro que a forma com que a mulher terá o parto é sempre muito única e deve ser conversada com o ginecologista que acompanha a gravidez. No entanto, Letícia conta que para ela, existem algumas situações em que é mais fácil permitir que a mulher tenha o bebê em casa.
“Mulheres com a gravidez lisa, ou seja, sem nenhum tipo de recorrência, com um bebê apropriado, ou seja, dentro dos padrões corretos. Também digo que uma pessoa nesse tipo de parto somente estaria bem servida com um obstetra e equipe de UTI neonatal disponível para caso seja necessário, que tenham material e suporte para qualquer eventualidade que possa ocorrer”.
Confira:
Por isso, a médica reforça: “Se você optar por esse parto humanizado, tenha um obstetra experiente e uma equipe de UTI neonatal pronta para acudir uma ressuscitação, um sangramento, algo que possa ocorrer fora dos padrões”.
Para ela, a pessoa que busca ter um parto domiciliar deve ter muito dinheiro ou ter juntado para isso. “Não é para qualquer um. Como médica obstetra, acho correto apenas nos moldes já citados: com obstetra experiente e equipe UTI neonatal, e isso tudo custa muito. Se puder pagar, maravilhoso. Do contrário, pense na segurança do serzinho que virá ao mundo. Opte pelo hospital”.
*Adendo: muitas pessoas imaginam que o parto humanizado só é possível em casa, mas isso não é verdade. Letícia explica que “um parto com empatia, onde você trata a pessoa em trabalho parto da maneira que gostaria de ser tratada se estivesse no lugar dela, com acolhimento”, já pode ser considerado humanizado.
“O ato de tirar o bebê e rapidamente colocá-lo no peito, aconchegado na mamãe, isso faz parte desse parto caseiro, humanizado, humano”, aponta a ginecologista.
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