Estudo feito pela Unifesp sugere uma intervenção para reduzir o consumo de bebidas alcoólicas por essa população
Redação Publicado em 08/09/2021, às 19h30
Uma nova pesquisa do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) analisou o rápido envelhecimento da população brasileira, bem como o aumento de comportamentos prejudiciais, como o consumo de álcool por parte da população idosa.
Para os autores do estudo, que foi recentemente publicado nos periódicos científicos Substance Use & Misuse e BMJ Open, é essencial compreender melhor todo o padrão do consumo de álcool entre os idosos no Brasil – inclusive na atenção primária – e, consequentemente, pensar em estratégias que possam ajudar a reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas neste grupo.
Para fazer uma estimativa da prevalência dos padrões de consumo de bebidas alcoólicas da população idosa, foi realizada uma investigação dos dados do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI Brasil), que conta com uma amostra de 5.432 brasileiros acima dos 60 anos.
No caso da atenção primária, para analisar os padrões de comportamento relacionados às bebidas alcoólicas, foram utilizadas as informações de uma triagem inicial do ensaio clínico realizado em sete Unidades Básicas de Saúde (UBS) com 503 participantes.
Em ambos os estudos, foram identificados fatores sociodemográficos, comportamentais e de condições de saúde associados aos diferentes padrões de consumo de álcool.
Os resultados mostraram que, aproximadamente, um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool atualmente, sendo que 6,7% - cerca de 2 milhões - contaram ter ingerido várias doses em uma única ocasião no último mês.
Além disso, 3,8% dos participantes (mais de um milhão de brasileiros acima dos 60 anos) consumiram, em uma semana típica, quantidades que podem colocar a saúde em risco. O consumo de álcool foi mais recorrente na região Sudeste e na atenção primária quando comparado à população idosa em geral.
Confira:
Nas duas populações (geral e atenção primária), os homens relataram consumir mais bebidas alcoólicas, em quantidade ou uso pesado e episódico de álcool.
De acordo com os autores do estudo, existe uma alta proporção de idosos que consome álcool em quantidades capazes de trazer danos à saúde considerando que essa população, geralmente, já apresenta alguns problemas de saúde e faz uso de medicação.
A pesquisa sugeriu ainda uma proposta denominada Intervenção Breve para Idosos (IBI) e elaborou um protocolo para testar a efetividade da intervenção na atenção primária, administrada por agentes comunitários de saúde.
Segundo os pesquisadores, ações breves são eficazes na redução do consumo de álcool entre os idosos. Porém, a sua eficácia quando realizadas por agentes comunitários de saúde em um ambiente de atenção primária ainda é desconhecida.
Assim, 242 indivíduos considerados bebedores de risco serão recrutados e alocados de forma aleatória para receber ou o atendimento usual (lista de espera) ou esta mesma abordagem em conjunto com uma intervenção breve realizada por agentes comunitários de saúde treinados em UBS – que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a equipe, esse tipo de estratégia parece ser bem aceita pelos participantes, mas precisa ser testada de forma completa para avaliar a sua eficácia e a relação custo-efetividade futuramente.
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