Redação Publicado em 29/06/2021, às 09h47
Não é incomum pessoas, principalmente famosas, reclamarem das perseguições e ataques de ódio na internet. Um exemplo bem claro disso é o de Luísa Sonza, que recentemente teve que ser afastada das redes sociais pelo bem de sua saúde mental. Normalmente, quem faz esses comentários de ódio virtuais costuma receber o nome de “troll”.
E a situação é tão frequentemente observada que estudiosos da Brigham Young University fizeram uma pesquisa, publicada recentemente no jornal Social Media and Society, para entender os motivos e características de personalidade dos trolls da Internet.
Por meio de uma pesquisa on-line realizada com mais de 400 usuários do Reddit (uma espécie de rede social), o estudo descobriu que indivíduos com traços de personalidade como narcisismo, maquiavelismo e psicopatia, combinados com schadenfreude – uma palavra alemã que significa que alguém obtém prazer com o infortúnio de outro – eram mais propensos a demonstrar comportamentos de troll.
"Pessoas que exibem esses traços, conhecidos como ‘tríade sombria’, são mais propensos a demonstrar comportamentos de trollagem, já que eles se divertem observando passivamente os outros sofrendo", disse Pamela Brubaker, professora de relações públicas da BYU e coautora do estudo. "Eles se envolvem em trollagem às custas dos outros."
A pesquisa, que foi coautoria do professor de comunicação da BYU, Scott Church, e de Daniel Montez, descobriu que indivíduos que sentiam prazer com as falhas de outros consideravam trollagem um comportamento on-line aceitável. As mulheres que participaram da pesquisa viram o trolling como disfuncional, enquanto os homens eram mais propensos a considerá-lo funcional.
“Quem usa muito as redes sociais pode sentir que todo e qualquer trolling é 'funcional', simplesmente porque é o que as pessoas fazem quando acessam o Reddit”, explica Church.
Os pesquisadores dizem que é importante observar que aqueles que apresentam schadenfreude geralmente consideram o trolling uma forma de comunicação, que enriquece, em vez de impedir o debate on-line. Por causa desse modo de pensar, eles não estão preocupados em como suas palavras ou ações afetam as pessoas do outro lado da tela. Para eles, o trolling não é visto como destrutivo, mas apenas como um meio de diálogo.
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“Eles estão tão mais preocupados em aprimorar sua própria experiência on-line, em vez de criar uma experiência on-line positiva para pessoas, que não sentem o mesmo tipo de prazer ou diversão com tais discussões provocativas”, disse Brubaker.
No entanto, ainda há esperança para discussões on-line produtivas. O estudo não encontrou correlação entre ser franco on-line e comportamento de trollagem. Os resultados observaram que os usuários que ativamente "falam alto" e expressam suas opiniões on-line não necessariamente se envolvem em comportamentos de trollagem. Esses resultados são encorajadores e sugerem que o discurso civilizado on-line é alcançável.
“Lembre-se de quem você é quando estiver on-line”, disse Church. "Ajuda quando pensamos nos outros on-line como humanos, pessoas com famílias e amigos como você e eu, pessoas que têm sentimentos e às vezes sofrem. Quando esquecemos suas identidades como pessoas reais, vendo-as como meros nomes de usuários ou avatares, se torna mais fácil se envolver em trollagem".
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