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Pessoas com HIV têm mais riscos de sofrer violência por parceiros

Entre os indivíduos com HIV, 26,3% relataram ao menos uma violência por parceiro íntimo - iStock
Entre os indivíduos com HIV, 26,3% relataram ao menos uma violência por parceiro íntimo - iStock

Redação Publicado em 07/04/2021, às 15h02

De acordo com novos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, um em cada quatro adultos com HIV naquele país sofre violência por parceiro íntimo (IPV), questão que afeta desproporcionalmente mulheres e população LGBTQI+ em todo o mundo e também no Brasil. 

Segundo o estudo, quem passou por esse tipo de violência nos últimos 12 meses foi mais propenso a se envolver em comportamentos de risco para transmissão do vírus, baixa adesão ao tratamento do HIV, e também teve maior tendência a procurar serviços de atendimento de emergência, além de ter mais sintomas de depressão e ansiedade. 

As descobertas foram divulgadas no periódico American Journal of Preventive Medicine.

Mas o que é IPV? 

A violência por parceiro íntimo (IPV) é um problema sério e evitável que afeta a saúde de milhares de pessoas ao redor do mundo. O termo descreve situações como violência física, sexual, psicológica ou, até mesmo, a perseguição no contexto de um relacionamento afetivo e que é perpetrado pelo(a) parceiro(a) atual ou ex.

Comparação de aspectos

Para analisar o problema, os pesquisadores utilizaram dados do Medical Monitoring Project, uma pesquisa anual usada para produzir estimativas nacionais de características sociodemográficas, comportamentais e clínicas de adultos diagnosticados com HIV

Com isso em mãos, os autores observaram a prevalência de entrevistados que já enfrentaram IPV e aqueles que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, comparando as informações com dados demográficos, características comportamentais, desfechos clínicos e o uso de serviços médicos de emergência ou internação no último ano.

Mulheres bissexuais em maior proporção

Entre os indivíduos com HIV, 26,3% tinham pelo menos uma experiência com IPV. Diferenças significativas foram encontradas por raça/etnia e idade: 35,6% das mulheres, 28,9% dos transgêneros e 23,2% dos homens experimentaram algum tipo de violência em um relacionamento afetivo

Houve também divergências com base em gênero e orientação sexual. Segundo os dados, ainda que o sexo feminino tenha apresentado a maior porcentagem, mulheres bissexuais foram as mais propensas a sofrer violência (51,5%) em comparação com todos os outros grupos. 

Em geral, 4,4% das pessoas com HIV enfrentaram violência por parceiro íntimo nos últimos 12 meses. Diferenças estatisticamente relevantes foram encontradas por características sociodemográficas - como idade e orientação sexual - mas não por raça/etnia ou identidade de gênero

O estudo ainda constatou que, em comparação com indivíduos diagnosticados com HIV que não vivenciaram situações de violência nos últimos 12 meses, aqueles que enfrentaram o problema se envolveram em comportamentos de maior risco, como o consumo excessivo de álcool, drogas ilícitas ou sexo transacional, ou seja, por troca de favores.    

Apoio para todos 

Os resultados ressaltam a importância de profissionais de saúde falarem no assunto ao atenter pessoas com HIV e encaminhar eventuais vítimas a serviços de apoio.

Isso porque, segundo a pesquisa, boa parcela dos indivíduos que relataram ter sofrido violência nos últimos 12 meses não estavam recebendo assistência médica contra o HIV, não estavam fazendo o tratamento antirretroviral e faltavam às consultas médicas. Além disso, essas pessoas eram mais propensas a ter feito uma visita de emergência ou internação hospitalar no último ano. 

Para os pesquisadores, ao identificar a IPV, a segurança e a saúde de pessoas com HIV podem ser melhoradas com serviços de apoio, visto que o problema pode ser evitado, principalmente quando a pessoa tem suporte adequado logo no início. 

Ainda segundo os autores, os programas de apoio a quem sofre violência por parceiro íntimo são adaptados para mulheres heterossexuais. Mas, frente aos dados revelados pela pesquisa, deveriam ser direcionados, também, para outros grupos, já que o risco é semelhante para minorias sexuais e raciais

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