Pesquisa feita com democratas e republicados, nos EUA, revela um cenário que também tem sido identificado por aqui
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h26 - Atualizado às 23h56
De acordo com o professor de ciência política Patrick Miller, autor do trabalho, boa parte dos eleitores se preocupa mais em odiar o partido rival do que com os temas que os governantes devem enfatizar.
Junto com Pamela Johnston Conover, da Universidade da Carolina do Norte, Miller analisou atitudes de eleitores em todo o país e descobriu que 41% deles concordavam que ganhar as eleições era mais importante que a política em si ou os objetivos ideológicos. Apenas 35% dos eleitores norte-americanos acreditavam no oposto. Outros 24% valorizavam as duas coisas igualmente, ou não quiseram dar opinião.
Um dos dados mais surpreendentes é que 38% dos entrevistados disseram que seus partidos deveriam usar todas as táticas possíveis para vencer as eleições, inclusive roubar e fraudar. A proporção de democratas e de republicados que defendia esse ponto de vista era equilibrada. Os resultados foram publicados na revista Political Research Quaterly.
Miller observa que, embora as pessoas achem que eleições muito disputadas trazem à tona discussões saudáveis sobre questões políticas, a pesquisa mostra o contrário. Para ele, a polarização faz com que muita gente endosse atitudes hostis e antiéticas.
O estudo também mostra que os indivíduos têm se isolado cada vez mais, consumindo conteúdo de mídia que só reforça suas próprias ideias, sejam liberais e conservadoras. Isso é perigoso, segundo os pesquisadores, pois a ignorância sobre o “outro lado da moeda” só reforça a hostilidade entre as partes.
A pesquisa revela muito sobre o comportamento humano. E chama atenção para o fato de que o futuro de um país é bem mais importante do que o número de vitórias conquistadas num campeonato de futebol, ou de qualquer outro esporte competitivo.