A queima de fogos na virada do ano representa alegria e diversão na maior parte do planeta. Porém, para os animais de estimação é sinônimo de medo, ansiedade e muito estresse. Isso porque a audição apurada de cães e gatos, por exemplo, é um dos fatores que fazem com eles sintam medo dos foguetes.
A coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Anhanguera, Janaína Duarte, explica que gatos e cachorros ouvem, significativamente, mais do que os seres humanos: “Nesse sentido, eles exibem uma hipersensibilidade que resulta em desconforto, ansiedade e pânico”. O medo dos fogos serve para todos os animais, de um modo geral. A professora ressalta que os gatos conseguem disfarçar melhor, mas também se assustam e procuram abrigos para se esconder. Ela alerta que os fogos podem trazer graves problemas para a saúde dos pets.
“O ruído produzido pelas explosões causa apreensão em todos os animais de estimação e, durante o susto, eles acabam liberando uma quantidade significativa de catecolaminas. Esse hormônio desencadeia uma série de modificações fisiológicas, como o aumento da frequência cardíaca e respiratória. Colocando-os em risco em vários aspectos, seja sofrendo um acidente ou até um infarto do miocárdio em decorrência do aumento da pressão arterial", afirma Janaína.
Para amenizar os transtornos causados pelo barulho é importante que os tutores adotem alguns cuidados para preservar a saúde dos pets. “Recomenda-se manter o animal de estimação em um espaço tranquilo e controlado dentro de casa, com portas e janelas fechadas, o que contribui para diminuir e abafar os ruídos externos. Adicionalmente, é benéfico reproduzir sons relaxantes ou ligar a televisão, pois isso auxiliará a mascarar os barulhos provocados pelos fogos”, elenca a especialista.
Renata Pinheiro, médica veterinária e coordenadora de marketing da Guiavet, plataforma de saúde e bem-estar para cães e gatos, frisa que se deve garantir a segurança do animal caso ele tenha uma crise muito grande: “Remova objetos que possam machucar o pet e elimine qualquer possibilidade de fuga: feche janelas e portas. Se preferir, deixe o animal em um espaço menor, como um quarto ou banheiro, com cobertas e brinquedos que possam trazer calma e conforto neste momento”.
Ela orienta os tutores a também a desviar o foco induzindo o animal para situações que gerem prazer, como oferecendo petiscos. Para isso, é bom utilizar brinquedos de liberação lenta, como os recheáveis, fazendo com que o pet se distraia e não foque a atenção nos fogos de artifício. Porém, se o seu animal já tem um histórico de ter medo intenso dos fogos de artifício, vale conversar com um médico veterinário de confiança com antecedência e garantir que, além da saúde estar em dia, haja algum medicamento que ajude a tranquilizá-lo.
“O uso de florais como o extrato de lavanda em difusores, ou de substâncias contendo feromônios específicos para animais podem auxiliar nestes quadros também”, explica Renata.
-Deixe o animal no cômodo da casa que tenha menos barulho;
-Certifique-se de que não há rotas de fugas no cômodo que o pet estará;
-Se possível, feche portas e janelas na hora da queima dos fogos;
-Procure um som relaxante ou ligue a TV com o volume alto com o intuito de abafar o barulho externo;
-Se morar em apartamento, verifique se as telas de proteção estão seguras para evitar acidentes;
-Utilize fones de ouvido ou protetores de orelha apropriados para pets. Eles podem ser comprados em clínicas veterinárias e em pet shops;
-Faça companhia para o seu pet. Isso transmite segurança para ele;
-Utilize um floral indicado por um veterinário, não medique o seu pet sem a orientação de um profissional.
-Tenha sempre o contato de uma clínica veterinária por perto, por precaução.
Com o objetivo de aliviar os efeitos nocivos dos ruídos aos pets, a PremieRpet oferece gratuitamente no YouTube três áudios que mascaram e reduzem ruídos de alta, moderada e baixa intensidade. Os áudios foram desenvolvidos utilizando a técnica do ruído branco (White Noise), unindo sons de diferentes frequências em uma só combinação. Os áudios se sobrepõem aos barulhos que causam ansiedade aos pets, minimizando a sensação de medo e desconforto.
Segundo Renata, um dos maiores motivos pelo qual os tutores levam seus pets ao veterinário nas festas de Natal e Réveillon são as brigas entre animais durante as reuniões de família e amigos. “Se eles não estão acostumados a conviver, pode ser interessante mantê-los em cômodos separados e garantir que nenhum acidente aconteça. Mesmo que seu animal seja muito sociável, o barulho e os estímulos como a comida e a mudança de ambiente podem levar a quadros de agressão. Outra solução é deixar seu pet em um hotelzinho de confiança ou sob cuidados de um pet sitter”, diz.
Ela lembra que é fundamental que os animais estejam bem de saúde e com a vacinação em dia, seja para irem às festas de final de ano, viajar com os tutores ou ficarem hospedados em hotelzinho. Isso vai garantir que eles não sejam contaminados por doenças transmissíveis, como a cinomose e a parvovirose. “Além disso, a vacinação em dia e o atestado de saúde emitido por um médico veterinário são essenciais para viagens com os pets. Para facilitar o dia a dia dos tutores, é possível solicitar a aplicação de vacinas em casa diretamente pelo aplicativo da Guiavet”, finaliza.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 2019 a 2022 o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 1.548 internações por ferimentos causados por fogos de artifício, média de um caso por dia. Em 2023, dados preliminares da pasta contabilizaram, de janeiro a setembro, 266 internações com o mesmo perfil.
Muitas ONGs e simpatizantes da causa animal fazem campanhas nesta época do ano sugerindo que as pessoas não soltem fogos, mas usem o valor que seria gasto para comprar e doar ração para entidades e abrigos que cuidam de animais abandonados.
Cármen Guaresemin
Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão. @Carmen_Gua
