Uma doença respiratória misteriosa tem levado dezenas de pessoas à hospitalização na Argentina em um surto que apresenta semelhanças com a chegada da Covid. Até ontem (18), 60 pacientes haviam sido infectados com a 'pneumonia atípica grave' na capital, Buenos Aires.
Um alerta sobre os casos foi emitido por meio de um sistema internacional de vigilância em saúde pública. A Covid chamou a atenção do mundo no final de 2019 como resultado do mesmo banco de dados, chamado ProMed.
Autoridades de Pequim soaram o alarme sobre um surto de 'pneumonia viral não diagnosticada' em Wuhan, que mais tarde se revelaria o 'ponto zero' da pandemia. O alerta de ontem, enviado anonimamente 'por um indivíduo conhecido do ProMed', dizia: 'Nos últimos 30 dias, parece ter havido um aumento de casos graves de pneumonia atípica que requerem cuidados críticos em Buenos Aires.
'Os indivíduos afetados são principalmente jovens sem principais fatores de risco.' Os pacientes precisaram de ventilação mecânica para ajudá-los a respirar. Não foram feitas declarações oficiais por autoridades argentinas, o que significa que os detalhes sobre qual é a doença real são escassos.
Mas o alerta sugeriu que um terço dos pacientes infectados apresentaram sinais de psitacose, uma doença que lembra a gripe e é causada por um tipo de bactéria, a Chlamydia psittaci, comum em aves. Mas muitos dos pacientes afetados não tinham aparentemente histórico de contato com pássaros, observou o alerta.
A psitacose, uma doença semelhante à gripe apelidada de febre dos papagaios, geralmente desencadeia sintomas leves, como dor de cabeça e tosse. No entanto, pode levar a pneumonia em casos graves. A condição pode ser especialmente problemática para idosos ou indivíduos imunocomprometidos.
O alerta acrescentou: 'Embora a psitacose pareça ser a etiologia de alguns casos, pode haver mais de um agente envolvido. O ProMED agradeceria mais informações sobre esses casos.'
Especialistas pediram às autoridades de saúde que não fossem 'complacentes' diante da ameaça de outra doença respiratória. Mas eles insistiram que é 'improvável que isso represente uma ameaça mais ampla'.
Em entrevista ao Daily Mail, o especialista em doenças infecciosas Paul Hunter, da Universidade de East Anglia, disse que era 'cedo demais' para confirmar se 'a psitacose é a única questão'.
Ele disse: "Seria incomum, mas não inédito, que dois patógenos diferentes causassem surtos simultâneos de doença respiratória grave. Portanto, com o tempo, pode ser que ainda mais desses casos sejam mostrados como sendo devido à psitacose."
O especialista acrescentou que, normalmente, a maioria dos casos está associada ao contato com pássaros, seja como animais de estimação ou ocupacionalmente. No entanto, há pelo menos um estudo que sugere que cortar grama também seria um fator de risco.
No início deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre um aumento de casos de psitacose registrados no fim de 2023 em países como Áustria, Dinamarca, Alemanha, Suécia e Holanda. O comunicado dizia que cinco mortes foram relatadas.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin