Redação Publicado em 29/03/2021, às 10h47
Em seu novo livro, a pesquisadora Shanna H. Swan concluiu que não é apenas a alimentação ou o modo de vida que afetam a libido, fertilidade e até o tamanho do pênis. Segundo ela, a poluição também pode impactar em tudo isso.
Na obra, intitulada Count Down: How Our Modern World Is Threatening Sperm Counts, Altering Male and Female Reproductive Development, and Imperiling the Future of the Human Race (“Contagem regressiva: como nosso mundo moderno está ameaçando a contagem de espermatozoides, alterando o desenvolvimento reprodutivo masculino e feminino e ameaçando o futuro da raça humana”, em tradução livre), ela explora a correlação entre pênis menores, menor contagem de espermatozoides e o uso de substâncias químicas industriais em produtos de uso diário.
Swan defende que um homem moderno pode ter, graças a esses fatores, um pênis menor e uma menor contagem de espermatozoides, em comparação com seus avôs, por exemplo. Mas não são apenas os homens que tiveram seu sistema reprodutivo alterado!
“Os produtos químicos em nosso meio ambiente e as práticas de estilo de vida pouco saudáveis em nosso mundo moderno estão perturbando nosso equilíbrio hormonal, causando vários graus de destruição reprodutiva”, ela escreve no livro, que também enfoca a queda nas taxas de fertilidade. "Em algumas partes do mundo, a mulher média de vinte e poucos anos hoje é menos fértil do que sua avó era aos 35."
Swan explica que os ftalatos, usados para tornar o plástico macio e flexível, são uma das principais preocupações. “Eles estão em todos os produtos e provavelmente estamos mais expostos através dos alimentos, pois usamos plástico macio na fabricação, processamento e embalagem de alimentos”, ela conta. “Eles baixam a testosterona e, portanto, têm influências mais fortes no lado masculino, por exemplo, diminuindo a contagem de espermatozóides, embora também sejam ruins para as mulheres, pois diminuem a libido e aumentam o risco de puberdade precoce, falência ovariana prematura, aborto espontâneo e parto prematuro.”
É importante destacar que os ftalatos estão, de fato, em diversos momentos do dia a dia. Eles são usados, por exemplo, para dar brilho e fixação na cor de esmaltes, permitem que perfumes durem mais tempo em produtos como cremes e sabonetes, e ainda podem estar presentes em embalagens, como foi citado, brinquedos infantis e até aparatos médicos, como bolsas de sangue.
A pesquisadora também conta que, quando começou a estudar os ftalatos, por volta de 2000, a síndrome do ftalato havia sido demonstrada experimentalmente em roedores, mas não em humanos. “Ratas que receberam ftalatos tiveram filhotes do sexo masculino com pênis e escroto menores e suas contagens de esperma eram mais baixa”, relembra ela. Posteriormente, Swan fez um estudo em que mediu a urina armazenada de mulheres grávidas para ftalatos e encontrou exatamente o que havia sido detectado em roedores: a síndrome do ftalato.
Swan diz que uma das saídas é a indústria começar a produzir produtos químicos que possam ser usados diariamente, mas que não sejam hormonalmente ativos. “A substituição lamentável, em que um produto químico nocivo é substituído por outro não testado, que acaba apresentando os mesmos riscos – também deve ser interrompida. E precisamos testar os produtos químicos que usamos atualmente, e não apenas em altas doses e não apenas um de cada vez, porque estamos sendo expostos a um grande número”, concluiu ela.
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