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Poluição pode aumentar risco de cólicas fortes em mulheres, diz estudo

A dismenorreia pode surgir devido a desequilíbrios hormonais ou a condições ginecológica - iStock
A dismenorreia pode surgir devido a desequilíbrios hormonais ou a condições ginecológica - iStock

Redação Publicado em 07/07/2021, às 16h00

A dismenorreia – também conhecida como cólica menstrual – é caracterizada por cólicas muito intensas causadas pela contração do útero, que acontecem antes ou durante a menstruação e levam à dor no pé da barriga. 

Um novo estudo, realizado pelo China Medical University Hospital (Taiwan) e publicado na revista Frontiers in Public Health, mostrou que a exposição em longo prazo a poluentes do ar, como óxidos de nitrogênio e carbono, aumenta o risco de desenvolver o problema que, segundo a pesquisa, atinge entre 45% e 95% das meninas e mulheres em idade reprodutiva.

Com base em dados nacionais sobre a qualidade do ar no decorrer dos anos, a equipe envolvida descobriu que as chances de apresentar a condição durante um período de 13 anos (2000 a 2013) foi até 33 vezes maior entre meninas e mulheres taiwanesas que viviam em áreas com níveis mais altos de concentração de poluição atmosférica. 

Quais os principais fatores de risco?

A dismenorreia pode surgir devido a desequilíbrios hormonais ou a condições ginecológicas, como a endometriose, gravidez ectópica ou tumores na cavidade pélvica, por exemplo. A dor característica pode ser sentida na parte inferior do abdômen, das costas e das pernas. Ela também pode vir acompanhada de outros sintomas, como náuseas, vômitos, diarreia, desmaios, fraqueza, fadiga e dores de cabeça. 

Além de reduzir a qualidade de vida, a dismenorreia também tem um grande impacto socioeconômico, visto que as mulheres que convivem com essa condição, muitas vezes, ficam temporariamente incapacitadas de trabalhar, de frequentar a escola ou de se envolver em alguma atividade de lazer. 

Até o momento, a dismenorreia não tem cura conhecida, mas os sintomas podem ser tratados e controlados com a ajuda de anti-inflamatórios e contraceptivos hormonais

Segundo os pesquisadores, estudos anteriores já mostraram que mulheres que fumam ou bebem álcool durante o período menstrual, que estão acima do peso ou tiveram a primeira menstruação muito novas, correm um risco maior de desenvolver a condição. Entretanto, a pesquisa em questão mostrou que existe outro fator de risco importante: a qualidade do ar. 

Confira:

Análise em longo prazo

A equipe utilizou o Banco de Dados Longitudinal de Seguros de Saúde de Taiwan a partir de 2000 (LHID 2000) e analisou as informações de 296.078 taiwanesas. A amostra do estudo incluiu exclusivamente mulheres e meninas sem nenhum histórico de dismenorreia registrado antes de 2000. 

Assim, os autores procuraram uma associação de longo prazo entre o risco de desenvolver a condição e a qualidade do ar, em particular a exposição média ao longo dos anos a poluentes atmosféricos, como óxido de nitrogênio (NOx), óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e partículas menores que 2,5 μm de diâmetro ('PM2,5')  

Poluição como fator de risco

De 2000 a 2013, 4,2% das mulheres da amostra foram diagnosticadas com dismenorreia pela primeira vez. Além disso, como já havia sido anunciado em estudos anteriores, as mais jovens, de menor renda e residentes em áreas mais urbanizadas tendiam a ter maiores chances de desenvolver a condição. 

A “taxa de risco” (isto é, o risco específico para idade e ano) de apresentar dismenorreia aumentou de 16,7 para 33,1 vezes em mulheres e meninas moradoras de 25% das áreas com maior exposição anual aos poluentes atmosféricos em comparação às regiões de menor exposição. 

Os níveis de NOx, NO, NO2, CO e PM2.5 contribuíram, cada um separadamente, para o risco aumentado, mas o maior efeito individual foi da exposição por muito tempo a altos níveis de PM2,5. 

Para os pesquisadores, os resultados encontrados na pesquisa fortalecem ainda mais as evidências sobre o grande impacto da qualidade do ar na saúde humana em geral, enfatizando a necessidade de reduzir os níveis de poluição do ar com objetivo de melhorar a saúde e a qualidade de vida. 

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