Exposição a partículas finas foi associada a um volume cerebral 0,32% menor e a um risco 46% maior de sofrer derrames silenciosos
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h27 - Atualizado às 23h56
A exposição a longo prazo à poluição pode causar mudanças estruturais no cérebro capazes de prejudicar seu funcionamento. É o que mostra uma pesquisa publicada na revista Stroke, da Associação Americana do Coração.
Partículas finas em suspensão com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro (PM2.5) são um dos tipos de poluentes mais perigosos para a saúde. Elas têm origem na combustão de madeira ou de carvão, e também saem dos automóveis.
De acordo com a pesquisadora Elissa Wilker, da Faculdade de Saúde Pública Harvard TH Chan, nos EUA, a exposição a longo prazo a essas partículas tem efeitos nocivos, ainda que sutis, no cérebro das pessoas, especialmente em idosos.
Para chegar à conclusão, ela e sua equipe analisaram 943 adultos saudáveis, sem problemas de demência ou acidente vascular cerebral, que viviam em Boston, New England e Nova York. Essas regiões apresentam níveis de poluição mais baixos que de outras cidades grandes, como São Paulo, por exemplo.
Os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética cerebral para determinar o efeito da exposição entre 1995 e 2005. Eles descobriram que áreas com 2 microgramas por metro cúbico de partículas PM2,5, concentração comum em regiões metropolitanas, foram associadas a um volume cerebral 0,32% menor e a um risco 46% maior de sofrer pequenos derrames silenciosos, que costumam trazer alguns prejuízos à função do cérebro.
Segundo Wilker, a principal autora do trabalho, essa redução de volume no cérebro equivaleria a cerca de um ano de envelhecimento do cérebro. Isso sem contar outras consequências já comprovadas das partículas finas, como o prejuízo aos pulmões e o estreitamento das artérias que levam sangue ao cérebro.