Segundo estudo, a capacidade de derrotar o vírus depende, em grande parte, de padrões imprevisíveis de divisão das células infectadas
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h26 - Atualizado às 23h56
Pesquisadores da Universidade de Duke, nos EUA, descobriram que a capacidade do organismo de derrotar o vírus depende, em grande parte, de padrões imprevisíveis de divisão das células infectadas pelo HPV, e não tanto da força da resposta imune do indivíduo. Os resultados aparecem na revista online PLoS Computational Biology.
De acordo com Marc Ryser, coautor do estudo, se o modelo matemático por trás dos resultados se confirmar, isso pode abrir portas para formas de se ajustar a maneira como as células infectadas pelo HPV se dividem, a fim de reduzir o risco de câncer.
A maioria das pessoas que contrai o vírus o elimina por conta própria em um ou dois anos, e apresenta pouco ou nenhum sintoma. Mas, em alguns indivíduos, a infecção persiste. E quanto maior o tempo de presença do vírus, maior a propensão ao câncer de colo de útero, pênis, ânus, boca e garganta.
O HPV é transmitido pelo sexo (inclusive o oral), e tira proveito do sistema natural de reparação dos tecidos para se reproduzir e se espalhar. Em geral, quando uma célula infectada desse sistema se divide em dois, uma permanece e a outra é empurrada para fora, morre e é descartada, libertando partículas de vírus que podem infectar outras pessoas.
Mas, às vezes, uma célula infectada produz duas células com o mesmo destino – ou ambos ficam, ou ambos vão para a superfície.
Os pesquisadores estudaram esses mecanismos com os dados de uma população de 313 adolescentes, que foram testados para HPV a cada seis meses, durante quatro anos.
Eles concluíram que cerca de 83% da capacidade do organismo de eliminar a infecção podem ser explicados pelo padrão aleatório de divisão das células. Ou seja: o sistema imunológico desempenha um papel importante no processo, mas não é o único fator envolvido.