Redação Publicado em 22/08/2021, às 09h00
Gostar de sentir dor durante o sexo, embora recentemente tenha sido um assunto trazido à tona, ainda é um tabu para muita gente. Quando a série de livros — e posteriormente, de filmes — 50 tons de cinza foi lançada, dividiu opiniões, mas é inegável que fez um sucesso estrondoso.
O fato é que apanhar, usar algemas ou até ser enforcado é uma preferência de uma parte da população, que ainda não se sente confortável para falar sobre isso.
Antes de começar a falar sobre isso, é importante lembrar que a menos que a pessoa esteja especificamente interessada em experimentar sensações dolorosas durante a relação sexual, o sexo não deve doer para as pessoas que o praticam.
As pessoas podem sentir dor durante a relação sexual por vários motivos de saúde, incluindo condições como vaginismo, lesões ou infecções da vulva ou vagina e lesões ou infecções do pênis ou testículos. Se sentir dor indesejada ou qualquer outro desconforto nos órgãos genitais durante o sexo, é melhor falar com um profissional de saúde a respeito.
Agora, quando o assunto é sentir dor propositalmente, como um “intensificador” do prazer e da excitação sexual, isso pode ser caracterizado como parte das práticas de BDSM.
Confira:
Mas como a dor pode ser prazerosa? De acordo com a teoria da evolução, para humanos e outros mamíferos, a dor funciona principalmente como um sistema de alerta, denotando o perigo de uma ameaça física. Por exemplo, queimar-se dói, e isso nos desencoraja a entrar no fogo e nos queimar ainda mais ou beber água fervente e causar danos irreversíveis ao nosso corpo.
No entanto, fisiologicamente falando, a dor e o prazer têm mais em comum do que se possa imaginar. Uma pesquisa mostrou que as sensações de dor e prazer ativam os mesmos mecanismos neurais, ou seja, o prazer e a dor estão ligados aos sistemas de interação dopamina e opioide no cérebro, que regulam os neurotransmissores envolvidos em comportamentos motivados por recompensa ou motivação, que incluem comer, beber e fazer sexo.
Em termos de regiões do cérebro, tanto o prazer quanto a dor parecem ativar as mesmas áreas envolvidas no sistema de recompensa do cérebro, regulando os comportamentos motivados.
Assim, o “barato” experimentado por pessoas que consideram as sensações dolorosas sexualmente estimulantes é semelhante ao vivido por atletas quando levam seus corpos ao limite.
Sentir dor devido a um corte de faca na cozinha ou dor relacionada a uma cirurgia, por exemplo, pode ser bem desagradável. No entanto, quando uma pessoa está sentindo dor física em um contexto no qual também está experimentando emoções positivas, sua sensação de dor na verdade diminui.
Portanto, ao fazer sexo com um parceiro de confiança, as emoções positivas associadas ao ato podem atenuar as sensações de dor resultantes de uma brincadeira violenta.
Ao mesmo tempo, a dor experimentada voluntariamente durante o sexo ou o jogo erótico pode, surpreendentemente, ter efeitos psicológicos positivos, e o principal deles é o vínculo interpessoal.
Dois estudos – com resultados publicados coletivamente em Archives of Sexual Behavior em 2009 – descobriram que os participantes que se envolveram em atos consensuais sadomasoquistas, como parte de brincadeiras eróticas, experimentaram uma sensação intensificada de vínculo com seus parceiros e um aumento na confiança emocional.
Não há dúvidas de que ter um fetiche não é algo incomum. Entretanto, é fundamental entender quais são os tipos, como as pessoas envolvidas querem experimentá-los e o quanto podem ser positivos ou negativos para o próprio indivíduo ou seu relacionamento.
O importante é haver segurança e consentimento de ambas as partes no momento de ter novas experiências. Isso significa que se um dos envolvidos não concordar com a prática, ou se ela provocar algum tipo de angústia física e mental, isso pode ser algo problemático.
Por isso, é essencial saber como trazer os fetiches para o sexo da forma o mais segura possível. Dessa maneira, se todos concordam, se sentem confortáveis e seguros em realizar aquela prática, têm tudo para ser uma boa experiência.
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