Ao mesmo tempo que é um sentimento que ninguém quer sentir, ter frustrações ao longo da vida é inevitável
Milena Alvarez Publicado em 01/06/2022, às 16h00
Sabe quando você estuda muito para uma prova e tira uma nota menor do que esperava? Ou quando você se dedica a uma apresentação e ela não sai como gostaria? Em ambas as situações, o sentimento que experimentamos é um só: frustração.
A frustração é uma resposta emocional ao estresse. Ou seja, ela acontece quando esperamos muito alguma coisa e não alcançamos:
A pessoa investe em alguma situação ou em determinada coisa e não alcança o que deveria ou gostaria. Nesse momento, entra em contato com o sentimento de fracasso, que chamamos de frustração”, explica a psiquiatra Danielle H. Admoni.
A frustração é um sentimento inevitável. Obviamente ninguém quer se sentir assim, mas em algum momento a frustração cruzará o nosso caminho, inclusive na infância.
Mas por que é tão importante deixar uma criança se frustrar? Danielle comenta que, cada vez mais, é possível observar pais tentando proteger os pequenos de vivenciarem esse sentimento. Porém, evitar a frustração pode trazer consequências:
É importante que as crianças se frustrem para aprenderem que nem tudo funciona daquele jeito mágico, que é só pedir ou só se esforçar que as coisas acontecem porque, muitas vezes, não está apenas em nossas mãos. A frustração acaba sendo um degrau importante para o nosso crescimento e conhecimento e, quando os pais impedem que os filhos se frustrem, eles evitam também que tenham recursos psíquicos para lidarem com isso no futuro”, alerta a especialista.
Ainda segundo Danielle, isso não quer dizer que é preciso viver de frustrações. Porém, esse sentimento é necessário para o desenvolvimento de resiliência, ou seja, é preciso cair para levantar e tentar andar de uma maneira diferente.
Confira:
Para auxiliar uma criança a lidar melhor com a frustração, o primeiro passo é ajudá-la a entender o que ela está sentindo:
Quando uma criança se frustra, é essencial ajudá-la a nomear esse sentimento, explicar que é chato mesmo (ninguém gosta de se frustrar), mas que isso faz parte do nosso crescimento. A parte mais importante é estar ao lado da criança e apoiá-la nessa identificação e não ao contrário: impedindo a frustração”, comenta Danielle.
Pequenas frustrações ao longo da vida são fundamentais para que uma pessoa se construa como ser humano, se fortaleça, seja mais flexível e lide melhor com as situações que surgem pelo caminho.
Devemos pensar na frustração como parte fundamental do processo de crescimento, não só das crianças, mas de nós adultos também. Precisamos aprender a lidar com as frustrações, com o que a gente não concorda e com problemas no meio do caminho para não desistirmos cada vez que tivermos um impedimento. Porque a vida é assim, a gente sempre terá frustrações.”
“Não existe uma fórmula mágica”, diz Danielle. “Cada um lida com as suas frustrações e tudo depende da sua bagagem psíquica, da história de vida, da capacidade de resiliência ou mesmo das frustrações anteriores. Então, isso é uma questão muito individual”.
Entretanto, segundo a psiquiatra, são dois caminhos a seguir: ter uma frustração e desistir ou ter uma frustração, analisar o que aconteceu de errado e olhar o que pode ser melhorado para tentar de novo de uma maneira diferente.
Pode acontecer que você se frustre de novo? Sim, mas o que estamos falando é que a melhor maneira de lidar com a frustração é realmente tentando construir uma resiliência em cima disso. Claro que nem sempre é possível, mas é um caminho muito melhor do que simplesmente se frustrar e virar as costas”.
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