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Por que nos sentimos confiantes (ou não) na hora de tomar decisões?

Segundo os especialistas, a introspecção é essencial para o autocontrole - iStock
Segundo os especialistas, a introspecção é essencial para o autocontrole - iStock

Redação Publicado em 18/01/2022, às 17h00

A maioria das pessoas experimenta sentimentos de dúvida em horas decisivas. Enquanto algumas decisões parecem intuitivamente certas, outras causam muitas dúvidas. Mas de onde vêm esses sentimentos?

Pesquisadores da Universidade de Zurique (Suíça) desenvolveram um modelo de computador capaz de prever como um indivíduo escolhe entre diferentes opções e por que pode se sentir confiante – ou não – sobre a decisão que tomou.

Segundo os pesquisadores, a probabilidade das decisões provocarem o sentimento de “certeza” é maior quando investimos um esforço significativo de atenção na pesagem das  opções, estando conscientes ao fazer isso.  

Consequentemente, a capacidade de questionar e revisar decisões ruins depende de quanto somos capazes de nos julgarmos: será que ponderamos completamente as opções ou ficamos distraídos durante o processo de tomada de decisão? Essa autoconsciência, também chamada de introspecção pelos especialistas, é um pré-requisito essencial. 

Testes no laboratório

A confiança que temos em nossas próprias decisões é baseada em estimativas subjetivas de valor que, normalmente, fazemos de maneira automática e inquestionável como parte do dia a dia. Para analisar como esse processo funciona, os pesquisadores estudaram como as pessoas avaliam e selecionam alimentos cotidianos.

Inicialmente, os participantes avaliaram 64 produtos de duas redes suíças de supermercados. Eles foram apresentados com uma imagem de cada produto na tela e perguntados o quanto gostariam de comê-lo no final do experimento.

Na segunda parte da pesquisa, os indivíduos tiveram acesso a uma série de imagens que mostrava dois produtos ao mesmo tempo. Em cada caso, eles foram convidados a escolher uma das duas opções – rosquinha ou maçã, pizza ou pera – e, em seguida, avaliar quanta confiança eles tinham em sua decisão.

Para tornar o experimento realista, os participantes tiveram que comer os produtos após o experimento. Os pesquisadores usaram um scanner ocular durante as fases de avaliação e tomada de decisão para determinar se os indivíduos passaram mais tempo olhando para um dos dois produtos, quantas vezes o olhar mudou de direção e a rapidez com que tomaram sua decisão.

Confira:

Mais atenção leva a maior confiança

Usando esses dados, os pesquisadores desenvolveram um modelo de computador que pode prever sob quais condições as pessoas terão confiança – ou a falta dela – em suas decisões. As descobertas mostraram que os indivíduos são particularmente mais propensos a terem uma “sensação ruim” sobre uma decisão se acreditarem que não prestaram atenção suficiente na hora de comparar as diferentes opções.

No experimento, por exemplo, um participante que sempre manteve ambas as opções na mira teria investido alto esforço de atenção enquanto aqueles que tendiam a se fixar em apenas uma opção menos.

A melhor maneira de ilustrar esses achados é pensando em um exemplo cotidiano: se adicionarmos sem pensar um doce a nossa cesta de compras, mesmo depois de expressar a intenção de comer de forma mais saudável, e, posteriormente, percebermos que nem pensamos em alternativas mais saudáveis, devemos ter pouca confiança em nossa decisão e revisá-la.

Se, por outro lado, estamos conscientes de ter cuidadosamente considerado uma série de outros produtos mais saudáveis e, mesmo assim, decidimos comprar o doce porque simplesmente queríamos comê-lo mais do que uma maçã ou pera, teremos confiança em nossa decisão.

Introspecção para rever decisões ruins 

De acordo com os pesquisadores, a capacidade de questionar decisões ruins e ter confiança nas boas também depende, em grande medida, de quão consciente um indivíduo está de seus julgamentos e comparações de valor subjetivo após tomar uma decisão. Isso é algo que os neurocientistas se referem como introspecção.

Em outras palavras, uma vez que tomamos uma decisão, podemos sentir dúvidas quanto ao seu valor e revisá-la apenas se estivermos realmente conscientes do fato de que não prestamos atenção suficiente para comparar as opções disponíveis. 

Os autores explicam ainda que essa capacidade de introspecção também é uma parte importante da nossa capacidade de exercer o autocontrole. Sem isso, seria muito mais provável que as pessoas agissem de acordo com suas preferências sem questioná-las - escolher alimentos não saudáveis sempre, por exemplo. 

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