Estudo alemão buscou entender as leitoras desse ramo literário e suas motivações
Redação Publicado em 11/05/2021, às 14h01
Logo após o sucesso de “Cinquenta tons de Cinza”, de E.L. James, em 2015, o mercado de livros foi inundado por best-sellers eróticos. Tal fenômeno cultural fez com que mais pessoas se interessassem por esse tipo de literatura e comprassem livros do tipo.
Nesse cenário, a equipe de pesquisa do Instituto Max Planck de Estética Empírica (MPIEA) – localizado em Frankfurt, na Alemanha, dedicou-se a estudar leitores desses romances eróticos e investigar as causas dessa predileção literária. As descobertas foram publicadas na revista Humanities & Social Sciences Communications.
Segundo os pesquisadores, tanto na mídia quanto no meio acadêmico, a literatura erótica contemporânea é tipicamente descartada como sendo de baixo valor literário e, inclusive, muitos críticos tendem a classificar os leitores de "medíocres" ou com "mau gosto".
Para realizar a pesquisa, foram analisados dados de 420 participantes do sexo feminino, sendo a grande maioria mulheres heterossexuais, entre 20 e 40 anos, em relações estáveis e com nível superior de escolaridade. Todas descreveram-se como leitoras frequentes de romances eróticos, dizendo que gostavam de compartilhar suas experiências de leitura com outras pessoas.
A grande maioria das entrevistadas relatou que lia livros eróticos como uma forma de distração e as sensações de facilidade e relaxamento eram frequentemente nomeadas como um fator motivador.
Os dados revelaram ainda que o sexo explícito desses romances e o seu potencial de orientação na vida das leitoras também desempenharam um papel importante para as entrevistadas, que se interessavam mais por esse tipo de detalhe.
As opiniões das leitoras sobre os livros eróticos foram uma surpresa por serem diferentes das ideias críticas mais gerais sobre o gênero. Uma parte das participantes do estudo enxergou esses romances como emancipados, feministas e progressistas. Esse achado pode ser atribuído às visões mais tradicionais das entrevistadas sobre os papéis de gênero masculino e feminino.
Para os pesquisadores, embora leitores de romances eróticos tenham um impacto significativo no mercado internacional de livros, "muitas discussões na mídia prontamente descartaram seu público como leitores de gosto ruim ou medíocre sem investigar as motivações de leitura e as experiências desses leitores. Consequentemente, o discurso dominante sobre literatura é reservado para quem prefere a literatura 'melhor'", conclui a pesquisa.
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