Existem razões fisiológicas pelas quais sentimos frio no estômago quando estamos perto de um crush
Redação Publicado em 02/05/2022, às 11h00
Quando você está desenvolvendo sentimentos por alguém especial, há uma boa chance de também sentir algumas borboletas. Não os insetos, é claro, mas a sensação de vibração que surge em sua barriga quando você faz contato visual com sua paixão do outro lado da sala, ao estilo da série Bridgerton. E você não está apenas imaginando: existem algumas razões fisiológicas pelas quais você sente um frio no estômago quando está perto de um interesse amoroso em potencial, um novinho em folha ou até mesmo um parceiro de muitos anos. Especialistas em relacionamentos explicam a ciência por trás das "borboletas no estômago".
Fatores internos e externos podem causar essa sensação de vibração, segundo psicólogos e especialistas em relacionamentos. Pensar em uma paixão e se perguntar como um primeiro encontro será, receber um elogio inesperado de um novo parceiro e roçar as mãos pode causar aquela sensação de formigamento na barriga. Isso meio que cria uma onda de antecipação e ansiedade. Traduzindo, as "borboletas podem voar" em seu estômago tanto quando você está nervoso com o que está por vir como quando está sexualmente excitado.
Um momento que uma vez lhe causou "borboletas no estômago" pode ter o mesmo efeito anos depois. A psicóloga Alexandra Solomon, professora assistente clínica no departamento de psicologia da Northwestern University, dos EUA, por exemplo, diz que ainda sente as tais borboletas quando pensa em um momento de comédia romântica que aconteceu com seu marido há quase 30 anos. E relembrar esses tipos de cenários dignos de perder a respiração pode ser benéfico.
Segundo ela, esses primeiros momentos se tornam a base para um relacionamento de longo prazo. Eles se tornam as memórias positivas que são úteis quando você está num momento difícil ou frustrante, ou quando as coisas perderam a graça com o passar do tempo.
Então, o que realmente está causando essa vibração em seu estômago? A sensação pode ser devido ao aumento dos níveis da substância norepinefrina em todo o sistema nervoso central do seu corpo, segundo Helen Fisher, antropóloga biológica e pesquisadora sênior do Instituto Kinsey. A norepinefrina funciona como hormônio e neurotransmissor (molécula que envia mensagens entre as células nervosas), e é liberada em resposta ao estresse e, potencialmente, à atração, de acordo com pesquisa publicada no Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences. Lembre-se: seu cérebro luta para determinar a diferença entre medo e excitação, e pesquisas mostram que a norepinefrina, que está principalmente ligada ao perigo e ao medo, também pode estar associada à atração romântica.
Seja enquanto você espera pelo encontro ou quando seu interesse amoroso acaricia seu braço, esse aumento de norepinefrina inicia a resposta de luta ou fuga do seu corpo. Por sua vez, sua frequência cardíaca aumenta, você se sente mais alerta e enérgico, e pode até perder o apetite – características que são comumente associadas ao amor romântico, de acordo com uma pesquisa da Philosophical Transactions. Além disso, você também pode sentir aquelas "borboletas no estômago", segundo a antropóloga.
Essas mudanças fisiológicas devem ajudá-lo a sobreviver a situações estressantes e com risco de vida, mas quando se trata de amor, acredita-se que esse foco repentino e atenção o ajudem a impressionar o parceiro em potencial pelo qual você está perdendo o fôlego, de acordo com pesquisas publicadas pela Universidade de Oakland, nos EUA.
A dopamina – substância intimamente relacionada à norepinefrina – também pode desempenhar um papel no lançamento das borboletas. Conhecido como o hormônio da "felicidade", a dopamina faz você se sentir alegre e motivado, e é liberado quando você se envolve em atividades prazerosas, como sexo ou passar tempo com um parceiro em potencial, de acordo com a Cleveland Clinic. E ambas as substâncias podem estar ligadas a sentimentos de amor romântico, que, em geral, produzem muitas reações físicas, entre elas as "borboletas no estômago", boca seca, pernas bambas, gagueira e outras respostas, segundo Helen.
Já Alexandra Soloman afirma que esses hormônios também podem se originar no próprio intestino, o que pode criar a sensação das borboletas. Há uma conexão profunda entre nossos cérebros e intestinos, e o sistema digestivo tem seu próprio sistema nervoso, chamado sistema nervoso entérico (ENS), nosso "segundo cérebro" de acordo com informações publicadas pela Loyola Medicine.
O sistema nervoso entérico está conectado ao cérebro por meio de vias nervosas e compartilha os mesmos neurotransmissores (incluindo dopamina) para se comunicar e, por sua vez, controlar a digestão. Graças a essa linha direta de comunicação, o estresse e outras emoções podem afetar o intestino. É por isso que, junto com o nervosismo, pode vir o desconforto gastrointestinal. Pela mesma razão, sentir-se estimulado, excitado ou ansioso por passar tempo com seu parceiro em potencial, ou um novo, pode criar sensações no estômago.
Para algumas pessoas, a “falta de borboletas” pode ser vista como uma bandeira vermelha de que seu parceiro em potencial não é uma boa escolha, ou que o casamento perdeu aquele fogo. Outros acreditam que experimentar uma vibração é um sinal de alerta, embora não deva ser percebido dessa maneira. Segundo Alexandra, há uma linha de pensamento de especialistas em relacionamento que acredita que "borboletas no estômago" são, na verdade, um aviso de que aquela pessoa está ativando seus antigos traumas, como "feridas reconhecendo feridas".
Por outro lado, não sentir borboletas também não deve ser percebido como uma bandeira vermelha. Se não está sentindo nada disso, pode ser que você seja apenas uma pessoa que não se atira, que vai devagar. Talvez você seja mais perspicaz, um pouco mais contido e não viva muitos altos e baixos. A psicóloga acredita que existam diferenças individuais em como entramos em relacionamentos íntimos, que têm mais a dizer sobre quem somos e menos sobre quem é o outro e a viabilidade do relacionamento.
No final, uma sensação de frio no estômago – ou a falta dela – não deve determinar o destino de seu relacionamento. Alexandra adverte que não gostaria que as pessoas pensassem que a ausência de borboletas seja um mau prognóstico, nem o oposto, que a presença de borboletas é um mau presságio. Para ela, isso é uma peça de um quebra-cabeça muito maior e mais complicado.
Em resumo, é normal que aquelas borboletas que você experimentou quando começou a namorar desapareçam com o passar do tempo. No início dos relacionamentos, os casais costumam ter muito desejo sexual espontâneo – aquela sensação de “quero pular em você neste segundo”. Mas à medida que o relacionamento progride, esse desejo sexual geralmente muda para se tornar mais responsivo (pense: você não está realmente com vontade, mas é sábado à noite e você normalmente vai para a ação). Alexandra explica que essa é uma mudança esperada e vem acompanhada por uma diminuição ou desaparecimento das "borboletas no estômago". O que não significa que você, seu parceiro e seu relacionamento estejam com problemas.
Ainda assim, a ideia de que essas sensações excitantes desaparecem pode ser desanimadora. É por isso que Alexandra encoraja as pessoas a se concentrarem no que estão ganhando no relacionamento, como o conforto e a segurança de ter sua "pessoa" ao seu lado. Para ela, você pode perder suas borboletas, mas ganhar alguém importante para a sua vida, que dá apoio, companhia e é um(a) amante.
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