Embora a maioria dos aplicativos de encontros tenha uma idade mínima de 18 anos, um estudo descobriu que um pequeno número de crianças de 11 a 12 anos tem usado essas plataformas. E, ainda segundo a pesquisa, pré-adolescentes lésbicas, gays e bissexuais (LGB) têm 13 vezes mais probabilidade de se envolver em namoros on-line em comparação com seus pares heterossexuais.
“Adolescentes lésbicas, gays ou bissexuais, incluindo pré-adolescentes, podem ter opções limitadas de parceiros românticos nas suas escolas, onde também podem enfrentar discriminação, bullying e estigma devido à sua orientação sexual”, diz o autor principal Jason Nagata, professor associado de pediatria da Universidade da Califórnia, nos EUA.
Os aplicativos seriam uma forma de identificar com maior facilidade outras pessoas LGB nas proximidades, uma vez que nem sempre é fácil determinar a orientação sexual das pessoas na vida real.
Os pesquisadores analisaram dados de 10.157 adolescentes, a maioria entre 11 e 12 anos, que fazem parte do Adolescent Brain Cognitive Development Study, o maior estudo de longo prazo sobre o desenvolvimento do cérebro e a saúde infantil nos Estados Unidos. Os dados foram coletados de 2018-2020. Os adolescentes responderam perguntas sobre o uso de aplicativos de encontros e sua orientação sexual.
O estudo também descobriu que os meninos pré-adolescentes tinham quase três vezes mais probabilidade de relatar relacionamentos on-line em comparação com as meninas.
“Os garotos pré-adolescentes são mais propensos do que as garotas a relatar que as redes sociais os fizeram sentir-se mais ligados aos seus parceiros”, afirma o co-autor Kyle T. Ganson, PhD, professor assistente da Faculdade de Serviço Social Factor-Inwentash da Universidade de Toronto. “Pesquisas anteriores descobriram que metade dos meninos relataram que as mídias sociais os fizeram sentir mais conectados emocionalmente com seus parceiros, em comparação com 37% das meninas.”
As taxas mais altas de namoro on-line entre LGB e pré-adolescentes do sexo masculino ainda podem refletir tendências no uso geral da tecnologia. Um estudo relacionado descobriu que os pré-adolescentes LGB passam quatro horas a mais por dia nas telas (incluindo televisão, vídeos, redes sociais e mensagens de texto), do que os seus pares heterossexuais. Da mesma forma, meninos pré-adolescentes passam 45 minutos a mais de tempo total diante das telas do que as meninas.
Embora a mídia on-line possa trazer benefícios como conexão e socialização para adolescentes LGB, é importante que os jovens recebam orientação de pais e educadores para mitigar possíveis riscos do uso desses aplicativos, como cyberbullying, aliciamento, exploração, violações de privacidade e troca de conteúdo impróprio.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin