Pesquisa norte-americana lista os principais receios dos pais em 2020 e revela como o impacto da Covid-19 foi desigual
Tatiana Pronin Publicado em 28/12/2020, às 15h54
A Covid-19 teve um enorme impacto na rotina e no emocional de crianças e adolescentes, e ainda intensificou alguns problemas que já deixavam os pais com cabelo em pé, como o tempo excessivo dos mais jovens diante das telas e tudo o que isso pode acarretar.
Mas a verdade é que as aflições mais comuns entre quem tem filhos podem variar muito de acordo com a realidade social em que cada família está inserida, como revela uma pesquisa feita nos EUA.
A partir de entrevistas com 2.027 pais e mães de jovens com até 18 anos de idade e diferentes raças e etnias – uma amostra representativa daquele país, pesquisadores elaboraram um ranking das maiores preocupações parentais em 2020. Veja a lista:
O uso excessivo de mídias sociais e suas possíveis ameaças, como o cyberbullying, estão no topo da lista, assim como a saúde física e emocional dos jovens. Todos esses aspectos estão ligados entre si, e foram agravados pelas medidas de isolamento social, que fizeram crianças e adolescentes interagirem menos com os pares, praticarem menos atividade física e passarem mais tempo diante das telas.
Ao se fazer uma análise mais ampla, é interessante notar como o mundo mudou. Se num passado não muito distante um ranking como esse teria drogas, álcool, cigarro e gravidez no topo das preocupações, hoje pais e mães temem mais as ameaças que se escondem na internet, a depressão e o suicídio.
A pesquisa, feita no Hospital Infantil C.S. Mott, ligado à Universidade de Michigan, deixa claro que a pandemia teve um impacto maior para famílias negras este ano, bem como a morte do norte-americano George Floyd pela polícia, um episódio que motivou manifestações em todo o país.
Para pais e mães negros ouvidos na pesquisa, o racismo é o que mais preocupa, com 82% das menções. O item aparece em sexto lugar na lista de entrevistados hispânicos (com 65%) e, claro, não é mencionado pelos pais e mães brancos.
Em segundo lugar na lista, quando se considera apenas as entrevistas com famílias negras, está a Covid-19, com 73% de citações. Para os hispânicos, a doença está em oitavo lugar. De novo, o item não aparece entre os pricipais temores dos entrevistados brancos em relação aos filhos.
Os autores do estudo dizem que essas diferenças podem ser explicadas pelo impacto desproporcional que a Covid-19 teve, e ainda tem, no país. Negros (principalmente) e hispânicos têm maior probabilidade de contrair o vírus, adoecer e morrer pela doença do que os brancos.
Itens como pobreza (em 7º lugar), acesso desigual aos serviços de saúde (9º) e ferimentos por arma de fogo (10º) também estão entre as principais preocupações de pais e mães negros, mas não de pais hispânicos ou brancos.
Como bem coloca o texto de divulgação da Universidade de Michigan, ser pai ou mãe numa pandemia não é para fracos de coração. Mas racismo e desigualdade também são ameaças à saúde e preocupam boa parcela da população, e para isso não há vacina.
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