Primavera intensifica sintomas alérgicos; médico ensina como lidar
Redação Publicado em 22/09/2022, às 13h00
A primavera no Brasil começa hoje, dia 22, às 22h04, no horário de Brasília. Nesta época, pessoas sofrem com pioras em sintomas de conjuntivite, rinite, asma e até lesões na pele. Isso ocorre devido ao pólen de árvores e gramas, que é carregado de um lado ao outro pelo vento. A polinização das árvores começa mais no início da primavera, que é seguida pela polinização da grama já no fim dela. Os padrões de sensibilização a alérgenos inalantes podem variar de acordo com a área geográfica.
De acordo com Javier Carbajal, alergista e imunologista, a alergia é resultante de uma alteração do sistema de defesa do nosso organismo. Com isso, aparece quando os nossos anticorpos reagem de forma exagerada ao contato com substâncias normalmente inocentes. As alergias, em geral, são responsáveis direta ou indiretamente por até 40% das consultas nos prontos-socorros e até 30% das internações hospitalares. Afetando, assim, a população em geral, independentemente da idade ou sexo. Mas a coexposição sazonal aos poluentes atmosféricos e ao pólen alergênicos pode aumentar a suscetibilidade à infecção viral respiratória em crianças.
Sensibilidade à flor da pele
A sensibilização aos pólens de árvores frutais pode predispor para alergias alimentares, o que ocorre mais frequentemente durante a primavera. Já a anafilaxia grave (sensibilidade) às frutas é mais frequente na primavera. Alguns pólens são conhecidos pela sua reatividade cruzada com frutas (maçã, ameixa, pêssego), nozes (amêndoa, avelã) e vegetais (cenoura), que induz a síndrome alérgica oral.
“A reatividade cruzada aos pólens é uma explicação potencial que deve ser considerada. Embora a síndrome de alergia oral pode ser induzida em outras pessoas por frutos do mar, também é preciso considerar que na primavera os apiários iniciam o manejo com novas abelhas, aumentando fatores de risco como as reações sistêmicas induzidas pelo veneno delas”, explica Carbajal.
Ações e tratamentos que podem ajudar pessoas alérgicas
Segundo o médico, algumas ações podem diminuir as crises e ajudar no controle das alergias de primavera. Uma delas é evitar o contato com substâncias alergênicas como poeira, pelos de animais, fumaça e cheiros fortes. Deixe os ambientes arejados, troque as roupas de cama semanalmente e coloque os colchões e travesseiros ao sol para evitar o acúmulo de ácaros e fungos.
No tratamento dos processos alérgicos é fundamental identificar fatores desencadeantes das crises. Para tanto, além de uma entrevista rigorosa com o paciente, para saber sobre os seus hábitos, são realizados diversos exames e testes para realizar o diagnóstico de alergias respiratórias, alergias a veneno de inseto, alimentares e de contato.
“Os cuidados para o tratamento das alergias incluem medidas de controle ambiental e medicação para o controle dos sintomas. Converse com seu médico especialista em alergia e imunologia sobre testes, diagnósticos e opções de tratamento, incluindo vacinas contra alergias. Não há razão para sofrer quando há opções para tratar os sintomas de alergia. A imunoterapia pode ser uma eficiente modalidade de tratamento, especialmente para alergia aos ácaros da poeira doméstica ou rinite alérgica/asma induzida por pólen e anafilaxia do veneno de abelha”, afirma o médico.
Não há nenhuma medida nem produto milagroso que possa eliminar todas as possibilidades de ter contato com coisas e situações que desencadeiam seus sinais e sintomas de alergia (alérgenos), mas as seguintes recomendações podem ajudar para reduzir sua exposição:
Se usar ar-condicionado em sua casa e carro, ajuste a temperatura acima de 22 graus Celsius. Temperaturas menores podem secar demais o ar e machucar a mucosa do nariz e brônquios.
Moradias fechadas concentram a umidade proveniente dos moradores e pode favorecer a proliferação de ácaros da poeira doméstica. Se você tiver aquecimento de ar ou ar-condicionado em sua casa, use filtros de alta eficiência e siga as agendas regulares de manutenção. Mantenha o ar interno relativamente seco com um desumidificador, porém, não menos de 20%. Concentrações de umidade acima de 45% contribuem para a proliferação dos ácaros.
Use um filtro portátil de ar particulado de alta eficiência (Hepa ou superior) no seu quarto.
Limpe o chão com frequência com pano úmido, secando bem depois. Se usar um aspirador de pó, assegure-se que ele tenha um filtro Hepa ou superior.
Se for alérgico aos pólens, ao planear viagens, evite o campo nos meses de primavera, escolha destinos livres de pólens.
Verifique algum aplicativo para previsões e níveis atuais de pólen. Em um dia sem vento, os alérgenos aéreos ficam aterrados. Quando o dia está ventoso e quente, as contagens de pólen aumentam. Se altas contagens de pólen forem previstas, comece a tomar medicamentos para alergia antes que seus sintomas comecem.
Feche portas e janelas à noite, se possível, ou em qualquer outro momento quando a contagem de pólen estiver alta.
Fique dentro de casa em dias secos e ventosos. A melhor época para sair é depois de uma boa chuva, o que ajuda a limpar o pólen do ar. Condições secas e ventosas aumentam a quantidade de pólen no ar e a chuva a diminui.
Limite o tempo que passa ao ar livre, evite quando houver mais vento e os horários de início da manhã e no fim da tarde - quando a concentração de pólen no ar é maior.
Evite cortar a grama, puxar ervas daninhas e outras tarefas de jardinagem que agitem alérgenos. Fertilizantes e grama recém-cortada podem piorar os sintomas da asma. Use uma máscara facial se tiver que fazer essas tarefas externas.
Deixe seus sapatos na porta de casa. Remova as roupas que você usou lá fora. Tome banho e lave o cabelo antes de se deitar, para enxaguar o pólen da pele e do cabelo.
Lave as narinas com sprays de soro fisiológico, ao menos antes de dormir, para diminuir a inalação do pólen.
Quando você morde uma determinada fruta, é possível que possa sentir coceira nas orelhas ou inchaço e urticária ao redor da boca. Essas reações podem ser o resultado da síndrome de alergia alimentar ao pólen, já que algumas frutas têm a mesma estrutura química que o pólen. Nem todo mundo com alergias ao pólen sofre dessa síndrome. A boa notícia é que você pode contornar a reação cozinhando a fruta ofensiva.
Não pendure a roupa do lado de fora da casa — o pólen pode ficar nos lençóis e toalhas.
Na higiene de casa, prefira produtos de limpeza naturais, como vinagre ou bicarbonato de sódio (químicos fortes podem irritar o nariz e agravar os sintomas) e procure passar pano úmido no chão de casa todos os dias, mas não esqueça de enxugar bem o chão, com pano seco, depois.
Lembre-se sempre que não porque algo é natural não pode ser a causa da sua alergia. Isso inclui medicamentos. Por exemplo, pessoas que são alérgicas ao pólen da ambrósia às vezes têm reações alérgicas graves à equinácea, um suposto “estimulante imunológico”.
Evite ambientes fechados, com fumo de tabaco e/ou poluídos.
Velas de citronela e spray de insetos podem manter os mosquitos afastados, mas também podem desencadear um episódio de asma. Pode ajudar ficar a vários metros de distância de quaisquer velas com cheiro forte e, ao usar repelente de mosquitos, escolha loções sem cheiro em vez de sprays ou aerossóis.
Mudar para outro clima para evitar alergias geralmente nem sempre resolve — os alérgenos estão praticamente em todos os lugares.
A imunoterapia pode ser uma eficiente modalidade de tratamento; é o único que tem o potencial de curar a alergia respiratória especialmente aos ácaros da poeira doméstica ou rinite alérgica/asma induzida por pólen, além de evitar a anafilaxia pelo veneno de abelha.
Use medicamentos conforme prescrito. Seus medicamentos funcionarão muito melhor com o uso consistente. Se você tem asma, lembre-se de manter seu remédio de alívio rápido à mão em caso de crise. Uma ferramenta que pode ajudar a orientar seus planos de viagens é um medidor de pico de fluxo expiratório.
Converse com seu médico especialista e siga as orientações dele.
Fonte: Javier Carbajal é formado pela USP e Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia. Médico Consultor em Imunologia e Alergia de Crianças e Adultos na Rede de Hospitais São Camilo; Diretor da Clínica de Alergia e Imunologia que leva seu nome; Membro da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia Asbai; Membro da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica EAACI; Membro da Sociedad Latinoamericana de Immunodeficiencias LASID; Membro da Clinical Immunology Society CIS.
Utilizamos "cookies" essenciais para o funcionamento do nosso site e "cookies" opcionais para entender como você utiliza nossos serviços e para a personalização de conteúdo. Para mais informações, acesse nossa
Política de Privacidade. O site possui também parceria com o Grupo UOL, que utiliza "cookies" essenciais e outras tecnologias semelhantes para a coleta e processamento de dados, os quais são feitos nos termos da Política de Privacidade do Grupo UOL..