Redação Publicado em 12/07/2021, às 09h50
No último domingo (11), ocorreu a final da Eurocopa. O jogo, que foi disputado entre Inglaterra e Itália, acabou sendo decidido nos pênaltis e teve uma repercussão extremamente negativa para alguns jogadores. Isso porque Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka perderam seus pênaltis e passaram a receber comentários racistas em suas redes sociais.
A situação chamou a atenção da FA (The Football Association, entidade que controla o futebol inglês), que escreveu uma nota repudiando os ataques e pedindo ajuda ao governo: "A FA condena todas as formas de discriminação e está horrorizada com o racismo on-line que foi dirigido a alguns dos nossos jogadores ingleses nas redes sociais. Não poderíamos deixar mais claro que alguém por trás de tal comportamento nojento não é bem-vindo na torcida da equipe. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar os jogadores afetados e, ao mesmo tempo, pedir as punições mais duras possíveis para todos os responsáveis".
We've issued a statement after a number of @England players were subjected to racist abuse online following the #EURO2020 final: https://t.co/B7gB180OQa
— The FA (@FA) July 12, 2021
Enquanto isso, o próprio príncipe William usou as redes para se posicionar: "Estou enojado com os ataques racistas contra os jogadores ingleses após o jogo de ontem. É totalmente inaceitável que jogadores tenham que lidar com esse tipo de comportamento abominável. Isso precisa parar agora e todos os envolvidos devem ser responsabilizados. W."
I am sickened by the racist abuse aimed at England players after last night’s match.
— The Duke and Duchess of Cambridge (@KensingtonRoyal) July 12, 2021
It is totally unacceptable that players have to endure this abhorrent behaviour.
It must stop now and all those involved should be held accountable. W
Infelizmente, o que os jogadores da Inglaterra sofreram é comum e tem um impacto gigantesco na saúde mental das pessoas. De acordo com um estudo qualitativo publicado na JAMA Network Open, os jovens expressaram sentimentos de desamparo quando expostos ao racismo proveniente da internet. Isso foi ilustrado por citações, como
"[eventos racistas são] apenas mais um dia na vida", referindo-se ao racismo como algo rotineiro e imutável, dizendo: "não há nada que eu possa fazer." No entanto, muitos adolescentes também enfatizaram o ativismo como uma forma de lidar com essa situação, além de ajudar a diminuir sentimentos negativos.
A equipe de estudo conduziu quatro grupos focais de 18 adolescentes em toda a área de Chicagoland, entre novembro de 2018 e abril de 2019. O resultado mostrou que os adolescentes achavam que os adultos subestimavam o quanto vivenciavam a discriminação ao seu redor. Um adolescente disse: "É engraçado porque muitas pessoas pensam que os adolescentes não têm consciência social, mas quando me junto com meus amigos para falar sobre isso, não paramos mais".
Confira:
É importante destacar que esse estudo, que ocorreu antes da onda de violência racista contra negros americanos ocorrida no verão de 2020, no entanto, enfatiza a necessidade de estudar como os adolescentes respondem ao presenciar esses eventos. A Dra. Nia Heard-Garris declara: "Investigar a exposição e a resposta de adolescentes ao racismo on-line se mostra crítico devido às mudanças negativas no estado emocional e à saúde física e mental potencialmente adversa ao longo da vida". Os pesquisadores também destacam que "este estudo está alinhado com estudos anteriores que demonstram que a coesão social ou conectividade pode amortecer a influência negativa que o racismo tem sobre a saúde em geral, e os benefícios do ativismo podem ser porque os adolescentes podem se conectar a uma rede social maior para ter suporte, apoiar e participar da ação coletiva".
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