Próteses penianas: quais os tipos, vantagens e desvantagens

Uma boa conversa com o médico é fundamental para escolher a melhor alternativa

Tatiana Pronin Publicado em 28/05/2021, às 20h00

Uma boa conversa com o médico é fundamental - iStock

Apesar da revolução causada pelos facilitadores de ereção como o Viagra e seus concorrentes, há algumas décadas, é importante deixar claro que nem todos os homens podem tomar esses medicamentos ou respondem a eles. A alternativa, nesses casos, é recorrer a uma prótese peniana, um tratamento eficaz e definitivo. Houve muito avanço nesse campo da medicina, mas ainda é preciso conversar bastante com o urologista antes de escolher o tipo mais adequado.

Antes de se pensar na prótese

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), metade dos homens com mais de 40 anos apresenta queixas relacionadas à ereção. A primeira indicação para eles é o uso dos inibidores da fosfodiesterase-5, como a sildenafila (Viagra), tadalafila (Cialis), vardenafila (Levitra) e outros. Esses medicamentos devem ser tomados algum tempo antes da relação sexual, geralmente em jejum, e hoje é comum que os médicos indiquem, em paralelo, o uso diário de doses mínimas do remédio para diminuir um pouco a ansiedade na “hora H”. 

A contraindicação absoluta para os facilitadores de ereção é o uso regular ou eventual de medicamentos com nitratos (indicados para doenças do coração). A interação pode levar a uma queda brusca e perigosa da pressão arterial. Pacientes com insuficiência cardíaca, histórico de AVC (acidente vascular cerebral), retinite pigmentosa e outras condições também precisam da autorização do médico para usar o remédio. Casos mais avançados de disfunção erétil ainda podem não responder à terapia. 

“Quando o medicamento não funciona ou o paciente tem contraindicação, pode-se usar vasodilatadores injetados diretos no pênis”, explica o urologista Carlos Bautzer, que atua no núcleo de Medicina Sexual do Hospital Sírio-Libanês (SP). O principal risco do tratamento é usar uma dose grande que cause ereção prolongada demais – quando o pênis fica ereto por mais de quatro horas, situação chamada de priapismo, o sangue rico em oxigênio deixa de entrar e há formação de fibroses, o que, com o passar do tempo, pode agravar ainda mais a difunção erétil.

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Quando considerar o implante peniano?

Só quando todas essas formas de terapia são tentadas várias vezes sem sucesso, ou existe uma contraindicação formal para o uso de facilitadores de ereção, é que os implantes penianos são considerados. Isso porque o método é definitivo: após a colocação de qualquer prótese, é possível substituí-la por outra, mas não tem como voltar atrás e ficar sem.

Para saber como funcionam as próteses, é preciso primeiro entender que dentro do pênis existem três cilindros, como se fossem três mangueiras. O mais fino é o corpo esponjoso, que circunda a uretra (o canal por onde passa a urina e também a ejaculação). Acima, ficam as outras duas “mangueiras”, ou corpos cavernosos, que têm um diâmetro maior. Praticamente toda a ereção depende do preenchimento com sangue dos corpos cavernosos.

Tipos de prótese

As próteses penianas são estruturas que são implantadas de modo a preencher os espaços antes ocupados pelo sangue nos corpos cavernosos. Elas garantem a ereção e permitem que o usuário tenha relações sexuais sempre que desejar. Veja quais os tipos de prótese disponíveis atualmente: 

Prótese maleável – mais simples, consiste apenas em duas hastes de silicone que circundam um fio de liga metálica flexível cada uma.  Isso permite que, após a relação sexual, o pênis seja dobrado e “guardado”, a fim de proporcionar mais discrição ao homem.

Prótese inflável – mais complexa, contém dois cilindros infláveis, uma bombinha (chamada de “pump”), que fica inserida dentro do saco escrotal, e um reservatório de soro, que é implantado na pelve. Ao ter relações, é preciso antes acionar o “pump” algumas vezes até que os cilindros se encham de soro. Depois é só apertar o botão para esvaziá-los e o pênis volta a ficar flácido. 

Vantagens e desvantagens 

Por ser bem mais simples, a prótese maleável é mais barata (custa de R$ 7 mil a 10 mil, segundo Bautzer), e há cobertura por planos de saúde e SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, é mais fácil de ser inserida cirurgicamente, o que, segundo o urologista, facilita a recuperação.

Prótese maleável lançada no Brasil este ano (Divulgação)

Ele diz que versão mais recente, lançada no Brasil este ano, produz uma sensação tátil parecida com a do pênis ereto, o que traz mais conforto e naturalidade para o paciente. O cenário é bem diferente de anos atrás, quando as próteses deixavam o pênis excessivamente rígidos, ou, às vezes, rangiam na hora de dobrar.

A grande desvantagem é que, apesar de ser dobrável, a prótese maleável deixa o pênis sempre rígido, o que pode deixar o homem constrangido na hora de usar sunga ou uma calça mais justa.

Já a prótese inflável é mais desejada porque é discreta e se assemelha ao funcionamento normal da ereção. O principal problema é que custa o dobro do preço (chega a R$ 20 mil, de acordo com o médico) e, por isso, não há cobertura por planos de saúde ou pelo SUS, embora muita gente entre na Justiça para conseguir. 

Outra questão é que, por ser mais complexa, a prótese inflável exige que o cirurgião tenha sido bem treinado para esse tipo de implante e que o paciente tenha a habilidade necessária para encher os cilindros. O procedimento cirúrgico também envolve mais inserções, por isso a recuperação leva mais tempo. Por último, há maior risco de uma troca ser necessária após dez ou 15 anos.

Simulação de uma prótese inflável e suas partes (Creative Commons)

Em ambos os casos, a cirurgia para o implante exige internação de um dia (ou no máximo dois), e raramente é preciso usar anestesia geral. Mesmo assim, o paciente com problemas de saúde, como por exemplo diabetes, precisa estar estável. Como qualquer procedimento cirúrgico, existe um risco pequeno de infecção – e se isso ocorrer, é preciso remover o implante. Algumas próteses até são revestidas com antibiótico, a fim de minimizar esse risco.

Depois de quanto tempo é possível “estrear” o implante? “Nas próteses maleáveis, o sexo é liberado após três ou quatro semanas, enquanto que, para as infláveis, de cinco a seis semanas”, informa Bautzer. Independente do tipo escolhido, o prazer nas relações permanece o mesmo, assim como a ejaculação – a não ser que o paciente tenha removido a próstata. A libido, assim como o tempo que o homem leva para chegar ao orgasmo, também vão continuar iguais.

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Nenhuma deixa o pênis maior

É importante deixar claro que nenhuma prótese é capaz de aumentar o tamanho do pênis. Isso acontece porque os cilindros simplesmente ocupam o espaço dos corpos cavernosos existentes. Essas estruturas, é bom esclarecer, não fazem parte da glande (cabeça do pênis), então essa região não fica ereta com a prótese, o que pode levar alguns homens a achar até que seu membro ficou com um tamanho um pouco menor do que na época em que tinha ereções naturais e completas.

Como cada prótese tem seus prós e contras, indicações e contraindicações, é fundamental que o paciente passe por todos os exames pré-cirúrgicos e receba todas as informações necessárias sobre o que esperar do implante. É possível trocar um tipo de prótese pelo outro, caso a pessoa não se adapte, mas, nesse caso, é preciso passar por todo o processo novamente. Por isso, quanto mais franca e detalhada for a conversa com o médico, maior será a satisfação com o resultado. 

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