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Psoríase pustulosa generalizada: doença é mais comum em mulheres

SBD faz alerta sobre a doença - iStock
SBD faz alerta sobre a doença - iStock

Redação Publicado em 29/10/2021, às 13h00

Na semana em que o país estimula o debate em torno dos cuidados oferecidos aos pacientes com psoríase, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) chama a atenção para uma das formas mais graves e raras dessa doença. A psoríase pustulosa generalizada (PPG) afeta a saúde e qualidade de vida dos seus portadores, podendo até levar à morte em casos extremos. No Brasil, estima-se que pelo menos 1.458 pacientes apresentam sinais e sintomas dessa patologia, segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

Nesse grupo, a prevalência é um pouco maior nas mulheres (53%), sendo que os registros de PPG ocorrem de modo mais frequente após os 30 anos de idade. Dados de literatura estrangeira apontam grau significativo de letalidade da doença. Segundo estudos científicos, em 65% dos casos, os pacientes com psoríase pustulosa também têm psoríase vulgar.

Em linhas gerais, a forma vulgar é o tipo mais comum, com presença de lesões avermelhadas na pele, em formato de placas, que descamam. Também causa rachaduras, coceira, queimação e dor. Na PPG, as lesões da psoríase vulgar são acompanhadas de pústulas (bolhas com pus) e quando as bolhas rompem, surgem feridas.

De modo geral, os casos de psoríase são provocados por predisposição genética, precipitados por fatores ambientais ou de comportamento. Alguns gatilhos desencadeiam ou agravam crises: interrupção do uso de medicamentos, queimadura solar, presença de infecções virais (incluindo rinovírus e coronavírus), estresse e gestação. Importante destacar que é uma doença crônica e não contagiosa.

Quais são os gatilhos

Para o dermatologista Gleison Vieira Duarte, um dos coordenadores da Campanha Nacional de Conscientização sobre Psoríase, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a psoríase vulgar pode se transformar na psoríase pustulosa. “Um dos gatilhos é o uso dos corticosteroides orais. Essas drogas podem ser empregadas de forma inadvertida, seja por automedicação ou desconhecimento acerca de uma não indicação do corticoide na psoríase vulgar”, adverte o médico.

O especialista acrescenta que, em algumas circunstâncias, após o tratamento com corticoide, o paciente pode ter transformada sua forma vulgar numa pustulosa. Ele explica que “nesse caso, chamamos de psoríase pustulosa generalizada induzida pelo uso do corticosteroide. Algumas outras drogas também podem, em casos raros, provocar essa indução, como antidepressivos, lítio, entre outras”.

Por sua vez, o dermatologista Ricardo Romiti, também do time de coordenação da Campanha da SBD, comenta que o diagnóstico da PPG é clínico. “O exame dermatológico feito de forma muito detalhada ajuda no diagnóstico. Nos casos de dificuldade, é feita uma biópsia, seguida pelo exame histopatológico. Também costumam ser realizados exames subsidiários para, por exemplo, afastar outros problemas de saúde da pele”. Mesmo assim, o diagnóstico pode ser difícil, podendo-se confundir a psoríase com outras infecções.

Gleison Duarte também ressalta que a psoríase, nos casos mais graves, pode ser dolorosa e trazer risco de morte. “As manifestações da psoríase pustulosa podem ser somente na pele. Mas podem estar distribuídas também em qualquer parte do corpo, por isso têm o nome de psoríase pustulosa generalizada, com ou sem a presença de sintomas. Nesse caso, pode haver febre e mal-estar, ou sintomas que podem levar o paciente à hospitalização. Em 7% dos casos, os pacientes com a forma generalizada podem vir a óbito, o que está muito associado a alterações de desidratação, infecções secundárias e alterações dos eletrólitos, como sódio, potássio, entre outros”, explicou.

A gravidade da PPG gera impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, nas funções físicas, vitalidade e saúde mental, incluindo ansiedade e depressão. “O impacto psicológico é muito grande, eu diria que é devastador. As pústulas dão ao paciente a sensação de nojo da sua própria pele, de não querer ter contato com ninguém. O odor fétido que pode resultar dessas pústulas acaba prejudicando o convívio dentro de casa. Além do receio relacionado à gravidade da doença, há a falta de tratamentos eficazes aprovados em bula, que realmente sejam direcionados a essa patologia. Então, são muitos os impactos psicossociais gerados por uma doença tão aguda e grave como essa”, enfatizou Vieira Duarte.

O tratamento

Para os especialistas da SBD, há tratamentos que podem ser utilizados para a psoríase pustulosa generalizada. No entanto, devido à raridade da doença, todos esses tratamentos são com medicamentos “off label”, ou seja, que não seguem as indicações homologadas na bula. Além disso, eles são adaptados do tratamento da psoríase vulgar.

“Diante desse cenário, temos preferencialmente escolhido drogas com início rápido, como a ciclosporina e o infliximabe, que são de uso 'off label', mas também são utilizados a acitretina e o metotrexato, quando há a possibilidade de se utilizar drogas de início de ação mais lento. À medida que entendemos mais sobre a psoríase pustulosa generalizada, observamos que ela tem uma característica imunológica distinta da psoríase vulgar”, salientou Gleison Vieira, ao destacar a responsabilidade do dermatologista no atendimento desses pacientes.

Ricardo Romiti explicou que, da mesma forma que há os tratamentos imunobiológicos para o controle da psoríase em placas, estão em desenvolvimento novos imunobiológicos para o controle da psoríase pustulosa generalizada. “Essas drogas ainda não estão disponíveis no mercado, mas estão em fase avançada de estudo e parecem ter um perfil de eficácia e segurança muito satisfatórios. Enquanto essas drogas não chegam ao mercado, nesses casos mais graves nós acabamos fazendo uso dos mesmos imunobiológicos que nós temos aprovados para a psoríase para tentar controlar o quadro.”
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