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Puberdade precoce pode interferir na educação das meninas

Imagem Puberdade precoce pode interferir na educação das meninas

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h48 - Atualizado às 23h53

Um estudo recente mostra que meninas que têm a primeira menstruação, conhecida como menarca, cedo demais tendem a passar menos tempo estudando, o que pode ter repercussões pelo resto da vida. O alerta é de pesquisadores do Imperial College de Londres, no Reino Unido.

A equipe analisou dados de mais de 180 mil mulheres europeias, e identificou os marcadores genéticos associados ao início da menstruação. Depois disso, eles analisaram esses marcadores e o tempo gasto em educação utilizando outro conjunto de dados, envolvendo 118 mil mulheres com mais de 30 anos e ascendência europeia.

Os pesquisadores descobriram que adiando-se a menarca em um ano, em média, seria possível garantir cerca de 53 dias a mais de educação na vida das garotas. Eles isolaram fatores capazes de interferir na questão, como status socioeconômico e nível de educação do país em que as participantes viviam. Os resultados foram publicados na revista Behavior Genetics.

A puberdade precoce é caracterizada pelo aparecimento de mamas ou de pelos pubianos com menos de 8 anos de idade, e pela ocorrência da primeira menstruação antes dos 9 anos. Nos meninos, o diagnóstico ocorre quando o aumento do pênis ou dos testículos, bem como o aparecimento de pelos pubianos, com menos de 9 anos.

A alteração é dez vezes mais comum nas meninas. São diversas as causas possíveis: histórico de tumores e meningite, problemas de tireoide ou nas glândulas adrenais, bem como exposição precoce a hormônios de forma indevida, pelo uso de medicamentos, cremes ou suplementos. A obesidade é outro fator de risco. É importante ressaltar que, apesar de existir fatores genéticos envolvidos, a puberdade precoce não é hereditária.

É comum que, a princípio, essas crianças sejam mais altas que os colegas da mesma idade. Mas, a longo prazo, isso pode resultar em baixa estatura na vida adulta.  “As crianças mais desenvolvidas do que colegas da mesma idade podem ter problemas de ordem psicológica e social, como depressão e discriminação”, acrescenta, ainda, o médico e professor de pediatria Luis Eduardo Caliari, da Santa Casa de São Paulo.

O diagnóstico é realizado por um conjunto de informações, a partir do histórico clínico da criança, exame físico e testes complementares, como dosagem hormonal e exames de imagem, como raio X de punho para avaliação da idade óssea e sua comparação com a idade cronológica.  Com tratamento adequado, é possível interferir na alteração e evitar uma série de consequências futuras.