Redação Publicado em 29/06/2021, às 14h35
Uma revisão feita pela Universidade do Texas (Estados Unidos) – e publicada no The Lancet – descobriu que usar a punição física para educar as crianças não é eficaz na prevenção de problemas de comportamento infantil. A prática causa aumento nos problemas de comportamento e outros desfechos ruins ao longo do tempo.
De acordo com o estudo, cuidadores de muitas partes do mundo punem fisicamente as crianças como resposta ao mau comportamento: 63% dos menores entre dois e quatro anos, aproximadamente 250 milhões de crianças, são regularmente submetidos a esse tipo de conduta.
Vale lembrar que, atualmente, 62 países proíbem a prática que, aos poucos, é cada vez mais entendida como uma forma de violência preocupante para a sociedade.
A equipe analisou diversos estudos envolvendo o tema, como espancamento, e excluiu comportamentos que pudessem constituir abuso físico infantil. Durante a análise foram encontradas amplas evidências que apoiam a declaração das Nações Unidas do Comitê dos Direitos da Criança que recomenda aos países acabarem com o uso de todos os tipos de punição física.
Segundo os pesquisadores, não há indícios de que a prática seja boa para as crianças. Todas as evidências indicam que a punição física é prejudicial para o desenvolvimento e para o bem-estar dos menores.
A revisão analisou 69 estudos, a maioria estadunidenses, sendo oito de outras nacionalidades. Os cientistas descobriram que a punição física não estava associada a nenhum resultado positivo para as crianças e aumentava o risco de experimentarem violência severa ou negligência.
Confira:
O artigo aponta ainda que os esfechos negativos associados à punição física, como problemas de comportamento, ocorreram independentemente do sexo, raça, etnia e dos estilos gerais de paternidade dos cuidadores. Além disso, a magnitude dos desfechos negativos cresceu à medida que a prática era utilizada com mais frequência.
Os autores explicam que pais batem em seus filhos por acreditarem que isso fará com que melhorem suas atitudes. Entretanto, a análise mostrou de forma extremamente clara que a punição física não melhora o comportamento da criança e, em vez disso, piora as coisas.
Para eles, a prática é um problema de saúde pública e, dada a força das evidências, cabe aos formuladores de políticas públicas a responsabilidade, assim como os prestadores de serviços médicos e de saúde mental, buscarem iniciativas que acabem com o uso da punição física contra as crianças.
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