Quando há uma diferença significativa de renda, isso pode causar um desequilíbrio de poder
Redação Publicado em 29/07/2023, às 17h00
Quando um parceiro ganha mais que o outro, isso pode criar desafios. Apesar das diferenças de renda, é possível que os casais desenvolvam um relacionamento equilibrado e saudável. Não é incomum que um parceiro ganhe significativamente mais do que o outro. Mas se isso te incomoda, você não está sozinho.
Em qualquer relacionamento, quando há uma diferença significativa de renda, isso pode causar um desequilíbrio de poder percebido, criando potencial conflito, ressentimento ou frustração em um ou em ambos os parceiros. Mas com uma comunicação aberta e honesta e vontade de trabalhar juntos, é possível encontrar um equilíbrio que funcione para ambos.
De acordo com Duewa Kaya Spicer, terapeuta sexual que atua no Texas, um desequilíbrio de poder percebido em torno do dinheiro pode se manifestar de várias maneiras.
Desafiando os papéis tradicionais de gênero
Quando os casais assumem a norma social de o homem ser o principal ganha-pão, isso pode levar a sentimentos de insegurança ou emasculação no parceiro masculino, explicou Kaya ao site Psych Central. Mas ela aponta que nem todos os homens se sentem assim. “Talvez não seja o caso se ambas as partes estiverem seguras de seus ganhos e de seu papel no relacionamento”, observa.
Em relacionamentos não heteronormativos, a dinâmica de poder ainda pode desempenhar um papel, mas as expectativas de gênero podem ter menos influência ou impacto nas diferenças financeiras, diz ao Psych Central Ariel Landrum, terapeuta familiar da Califórnia. “Ainda assim, os casais não heterossexuais precisam reconhecer e lidar com outros desequilíbrios de poder que possam surgir, como o status hierárquico dentro da cultura”, observa ela.
Conflito em torno da tomada de decisão
O parceiro que ganha mais pode sentir que tem mais voz na tomada de decisões relacionadas a finanças, levando a conflitos ou ressentimentos.
Pressão para sustentar a família financeiramente
O parceiro que ganha menos pode se sentir pressionado a contribuir financeiramente mais para a família, o que pode causar estresse e tensão no relacionamento. Eles também podem se sentir pressionados a igualar ou exceder os ganhos do outro para se sentirem iguais na parceria.
Disparidades no tempo de trabalho e lazer
O parceiro que ganha menos pode ter que trabalhar mais horas ou assumir empregos adicionais para sobreviver, o que pode levar a disparidades no tempo de lazer e causar ressentimentos, que também podem surgir em torno da divisão das responsabilidades domésticas. Por exemplo, embora mais mulheres ganhem tanto ou significativamente mais do que seus maridos, elas ainda assumem a maior parte do trabalho em casa.
Um estudo de 2023 sobre casamentos nos Estados Unidos descobriu que as esposas gastam mais tempo com tarefas domésticas e cuidados com os filhos, enquanto seus maridos gastam mais tempo com trabalho remunerado e lazer. Mas, nos últimos 50 anos, o número de mulheres que ganham tanto ou significativamente mais que seus maridos quase triplicou.
Então, quando surgem diferenças de renda entre os casais, como eles podem criar um equilíbrio saudável? Nossos especialistas em relacionamento avaliam:
Mantenha uma comunicação aberta
A comunicação aberta e honesta é fundamental quando se trata de discutir finanças, diz Kaya: "Não posso deixar de enfatizar o quanto é importante discutir as expectativas financeiras no início do relacionamento. Pergunte ao seu parceiro sobre como ele se envolve com suas finanças. Só porque um parceiro ganha mais não significa automaticamente que ele é financeiramente mais responsável. Tente fazer perguntas abertas que permitam que seu parceiro compartilhe seus pensamentos e sentimentos sobre suas práticas financeiras, em vez de presumir que você já sabe o que ele pensa ou sente", ensina.
Isso pode ajudar a construir confiança e compreensão mútua e criar um espaço seguro e sem julgamento para uma comunicação honesta. Ariel acrescenta que os casais que compartilham sua história familiar com dinheiro podem ajudar os parceiros a entender quaisquer medos associados a dívidas, perdas ou ganhos financeiros.
Pratique o não julgamento
Aborde as conversas financeiras com empatia, curiosidade e mente aberta, sem impor seus próprios valores ou suposições à outra pessoa, aconselha Kaya. Reconheça e aceite que cada pessoa tem suas próprias circunstâncias financeiras, objetivos e valores, e não existe uma maneira “certa” de administrar o dinheiro.
Esteja aberto a concessões
Candace Kotkin-De Carvalho, conselheira clínica em Nova Jersey, recomenda a criação de um orçamento que funcione para os dois. Isso pode incluir dinheiro para atividades divertidas, como encontros noturnos, férias ou qualquer outra coisa que traga alegria para suas vidas. Além disso, crie um acordo que descreva suas metas e expectativas financeiras. Isso adicionará clareza e ajudará a minimizar possíveis conflitos no futuro.
Ela também aconselha a se concentrar em comemorar os sucessos uns dos outros e apoiar uns aos outros nos momentos difíceis. “Reconheça o trabalho árduo, os esforços e a dedicação de seu parceiro à carreira e expresse gratidão por suas contribuições para suas vidas. Isso os ajudará a se sentirem valorizados e respeitados, independentemente da situação financeira.”
Evite culpar
Também é importante definir um tom positivo e respeitoso para a conversa. Kaya recomenda usar linguagem neutra e evitar culpa ou crítica. Tente ouvir ativamente a perspectiva de seu parceiro sem interromper ou descartar suas preocupações.
Ao considerar um parceiro que ganha menos dinheiro, Ariel diz que é importante focar na compatibilidade geral do relacionamento, e não apenas no aspecto financeiro. “Embora a estabilidade financeira seja essencial, outros fatores contribuem para um relacionamento bem-sucedido”, explica ela.
“Considere outras qualidades importantes, como valores compartilhados, interesses, objetivos, afiliação religiosa e estilos parentais. Avalie o relacionamento com base nesses fatores, não apenas nos financeiros”, finaliza.
Fonte: Psych Central
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