Quem tira camisinha sem pedir deve ser preso, diz estudo

Pesquisa no Reino Unido mostra que 9 entre 10 adultos defende prisão em caso de "stealthing"

Tatiana Pronin Publicado em 25/10/2024, às 14h00

A remoção não consensual do preservativo antes ou durante a relação é conhecida como "stealthing" - iStock

Quase nove em cada dez jovens adultos no Reino Unido acreditam que remover o preservativo durante o sexo sem a permissão da outra pessoa configura uma agressão sexual, e cerca de metade apoia a prisão como penalidade, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade College London.

Este é o primeiro estudo no Reino Unido a abordar opiniões sobre a remoção não consensual de preservativos, conhecida como "stealthing",  e contou com 1.729 entrevistas com pessoas de 18 e 25 anos. Os resultados foram publicados no periódico PLOS ONE.  

Os jovens foram escolhidos como foco do estudo, pois, entre pessoas de todas as faixas etárias, são os que mais utilizam preservativos.

A pesquisa apresentou vários exemplos de remoção não consensual de preservativo, que variavam de acordo com o resultado para a saúde e o status do relacionamento. Os entrevistados foram, então, questionados sobre a moralidade e a criminalidade da remoção não consensual de preservativo.

Em um dos cenários, um homem remove o preservativo enquanto está em um relacionamento sexual exclusivo. Como resultado, sua parceira engravida. Em outro, a parceira fica deprimida como resultado da remoção do preservativo sem seu consentimento. Outros dois cenários exploraram a remoção não consensual do preservativo em situações de encontros casuais ou em relacionamentos de longa duração.

A maioria dos entrevistados (99%) considerou a remoção não consensual de preservativo errada e a classificou como agressão sexual (88%).

Os entrevistados também apoiaram a pena de prisão para o ato, especialmente se a vítima engravidasse (52,1%), ficasse deprimida (41,6%) ou se a remoção não consensual do preservativo ocorresse em um encontro casual (53,9%). Já o apoio à prisão em casos de relacionamentos de longo prazo foi de 47,2%.

A autora principal, a médica Farida Ezzat do Instituto de Saúde da Mulher da universidade, resumiu as opiniões dos entrevistados:

"Independentemente do resultado ou do status do relacionamento, a esmagadora maioria dos entrevistados acreditava que a remoção não consensual do preservativo é uma violação do consentimento para o sexo, moralmente errada e criminosa."

A remoção não consensual do preservativo é classificada como estupro pela lei do Reino Unido, e a primeira condenação bem-sucedida na Inglaterra e no País de Gales ocorreu em 2019. Nesse caso, um homem foi condenado a 12 anos de prisão pelo estupro de uma trabalhadora sexual. Ela havia dado consentimento para a relação sexual, com a condição de que um preservativo fosse usado, o que também estava especificado em seu site.

Os pesquisadores esperam que suas descobertas informem futuras campanhas sobre consentimento em relacionamentos sexuais e a legislação que ofereça suporte às mulheres afetadas pela remoção não consensual de preservativo.

"Esperamos que nossas descobertas ajudem a orientar futuras campanhas de saúde sexual e a legislação para enfrentar esse fenômeno e fornecer o tão necessário apoio às pessoas afetadas", avaliou a antura sênior do estudo, Geraldine Barrett.

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