Segundo estudo publicado na "Pediatrics", trocar conteúdo erótico pelo celular não está necessariamente ligado a comportamentos de risco
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h20 - Atualizado às 23h57
Um estudo publicado nesta segunda-feira (6), na revista Pediatrics, traz um recado para pais de adolescentes: o “sexting”, hoje, é algo que faz parte do desenvolvimento sexual dos jovens. E trocar mensagens, fotos ou vídeos eróticos pelo celular não está necessariamente ligado a comportamentos de risco no futuro.
O trabalho incluiu a análise de dados de quase 1.000 estudantes de diversas origens étnicas que residem no Texas, nos Estados Unidos, que foram acompanhados ao longo de seis anos. A pesquisa revelou que um em quatro adolescentes tem o hábito de trocar “sexts”, e que a prática costuma preceder o sexo “de carne e osso”.
Para um dos autores, o professor de psicologia Jeff Temple, da Universidade do Texas Medical Branch, em Galveston, o “sexting” não é um comportamento novo. A novidade está no meio de comunicação, que tem como risco a facilidade de compartilhamento.
Ele e o colega Hye Jeong Choi concluíram que o “sexting” funciona, de fato, como prelúdio de comportamentos sexuais. Mas eles descobriram também que, entre os adolescentes do estudo que já tinham iniciado sua vida sexual, a maioria não estava envolvida em comportamentos de risco.
Vale lembrar que, em 2013, um grande estudo com cerca de 2.000 jovens australianos indicou que 80% já tinham recebido conteúdo erótico pelo celular. Mas o trabalho, feito pelo departamento federal de saúde, também mostrou que os adolescentes estavam iniciando a vida sexual mais tarde em relação ao levantamento feito em 2008. Ou seja: o “sexting” pode até preceder as relações sexuais de verdade, mas não necessariamente as traz mais cedo para a vida dos adolescentes.
Para os autores da atual pesquisa, ao flagrar um jovem enviando ou recebendo “sexts”, pais e educadores devem aproveitar a oportunidade para falar de prevenção. Não só de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez, mas também sobre formas de evitar que a privacidade do adolescente seja exposta na rede.