Relacionamento dar certo é destino ou esforço?

A maioria das pessoas deseja encontrar a sua "metade da laranja", ou pelo menos ter uma parceria bem-sucedida na vida. Mas esse sucesso é determinado pelo destino, ou é resultado de muito esforço e investimento no relacionamento?

Para tentar chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade da Basileia, na Suíça, investigaram o papel das convicções internas das pessoas em relação a vida a dois está ligada à satisfação esperada e concretizada nos relacionamentos. 

Frio na barriga acaba logo

As famosas "borboletas" no estômago, um sorriso no rosto e uma sensação de felicidade imensa são sintomas inquestionáveis de uma paixão. Mas todo mundo sabe que essa fase do relacionamento infelizmente não dura para sempre.

Algumas pesquisas mostram que essa "lua de mel" dura cerca de um ano, e a tendência é que a satisfação no relacionamento também diminuia ao longo do tempo.

Com esses dados em mãos, os pesquisadores da Faculdade de Psicologia da universidade estudaram o quanto a atitude de uma pessoa em relação à parceria está relacionada com a satisfação esperada e real no relacionamento.

Eles entrevistaram mais de 900 casais em países de língua alemã que estavam juntos há cerca de cinco anos, em média, e publicaram suas descobertas no European Journal of Personality. Dois anos se passaram entre as primeiras e últimas entrevistas.

Destinados a ficar juntos?

Em geral, a satisfação no relacionamento diminui na maioria dos casais ao longo do estudo, independentemente de sua atitude fundamental, segundo os autores.

Mas duas atitudes podem ser distinguíveis, de acordo com a pesquisa: existem pessoas que têm a visão de que um relacionamento é ou não destinado a acontecer (crenças no destino), enquanto outras acreditam que os relacionamentos se desenvolvem e podem crescer ao longo do tempo se você trabalhar neles (crenças de crescimento).

Investir ou sair fora?

O estudo indica que enquanto os "crentes no destino" começam com um nível mais alto de satisfação, o nível de satisfação diminui mais lentamente em pessoas com crenças de crescimento. Essas pessoas parecem ser mais resistentes ao típico declínio gradual da insatisfação, de acordo com os autores.

O benefício das crenças em destino é que as pessoas percebem o relacionamento como menos sujeito a influências externas porque, afinal, o casal estaria destinado a ficar junto.

No caso de uma crise no relacionamento, no entanto, a questão é: eu invisto no relacionamento para que ele melhore novamente? Ou termino com meu parceiro porque claramente ele não é a pessoa certa para mim? Os dados do estudo, contudo, não permitiram concluir se alguns casais têm mais probabilidade de se separar do que outros.

Mentalidade pode ser mudada

"As crenças no destino são bastante difundidas", afirma Maximiliane Uhlich, coautora do estudo, que suspeita que a indústria cinematográfica nutre essa ideia. Afinal, muitos filmes terminam com duas pessoas que se encontram e se tornam felizes, contra todas as probabilidades. Em contos de fadas, o príncipe e a princesa também "viveram felizes para sempre".

Curiosamente, os pesquisadores não encontraram diferença nas crenças entre os sexos. Ambos os parceiros tendiam a ter as mesmas mentalidades.

Esforço é a chave para o sucesso

"A longo prazo, no entanto, trabalhar em um relacionamento vale a pena", garante Uhlich, que também trabalhou com muitos casais em terapia. A diminuição da satisfação no relacionamento pode ser amenizada por experiências novas compartilhadas.

Muitas pessoas não têm consciência de que um relacionamento é um trabalho árduo, e nem todos têm disposição para trabalhar na relação."

Uhlich faz uma comparação com o conceito de talento: "A ideia de que o sucesso é impulsionado principalmente pelo talento hoje em dia é ultrapassada. Ao invés disso, assume-se que a prática intensiva é a chave para o sucesso. Se você dedicar horas para aprender uma habilidade, você acabará dominando-a melhor do que alguém que acredita que tem talento e talvez descanse sobre os louros."

Essa mentalidade de crescimento, em última instância, é algo que pode ser aprendido e pode ter aplicações práticas não só numa carreira, mas também na vida amorosa.