Pesquisadores avaliaram o efeito do vapor e de alguns sabores desses produtos em células do tecido pulmonar
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h24 - Atualizado às 23h56
Cigarros eletrônicos ajudam as pessoas a parar de fumar? À medida que o debate sobre esse assunto continua, um estudo da Universidade de Rochester traz mais um indício de que essa alternativa ao cigarro comum tem efeitos tóxicos à saúde.
Em uma pesquisa publicada na revista PloS ONE, o professor de medicina ambiental Irfan Rahman e sua equipe sugerem que o aquecimento do cigarro eletrônico leva o usuário a inalar vapor que contêm metais pesados e outras possíveis substâncias cancerígenas.
O dado novo deste estudo é que, segundo os pesquisadores, alguns sabores de cigarro eletrônico, como a canela, aumentam a toxicidade e o estresse provocado pelo vapor no tecido pulmonar. Eles analisaram o efeito em células humanas cultivadas em laboratórios e expostas aos aerossóis dos cigarros eletrônicos. A equipe encontrou diversos marcadores de inflamação nessas células, bem como no pulmão de ratos expostos a produtos com sabor que imita o cigarro comum.
Rahman observa que a cada dia um novo produto desse tipo é lançado no mercado, e a falta de estudos suficientes e de regulamentação tem deixado muita gente exposta a possíveis efeitos perigosos.
O laboratório de Rahman também divulgou recentemente um artigo que levanta a preocupação com o risco potencial de poluição proveniente à exposição passiva aos resíduos dos cigarros eletrônicos.
Duas organizações ligadas ao câncer nos Estados Unidos – a Associação Americana para Pesquisa do Câncer e a Sociedade Americana de Oncologia Clínica – afirmaram recentemente que os cigarros eletrônicos deveriam estar sujeitos às mesmas restrições feitas ao tabaco até que se saiba mais sobre os possíveis efeitos adversos dos equipamentos à saúde.
A maior preocupação das autoridades é com usuários com menos de 18 anos, que são atraídos pela novidade por considerá-la socialmente aceitável. Além disso, produtos com sabores de frutas e doces são frequentemente vendidos em locais de fácil acesso nos Estados Unidos, como lojas de conveniência e postos de gasolina.
Pelo menos por enquanto, o Brasil está à frente nessa questão, pois ainda proíbe a venda dos cigarros eletrônicos. No entanto, muita gente adquire os produtos com amigos que vão aos Estados Unidos.