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Salvar arquivos pode ajudar o cérebro a assimilar novas informações

Imagem Salvar arquivos pode ajudar o cérebro a assimilar novas informações

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h22 - Atualizado às 23h56

Encarar computadores e smartphones como extensões da nossa memória pode ser uma boa ideia

O simples ato de salvar alguma coisa, como um arquivo em um computador, pode melhorar a nossa memória, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Psychological Science. Segundo o trabalho, o ato ajuda a liberar recursos cognitivos que podem ser usados para assimilar novas informações.

O principal autor do estudo, o cientista Benjamin Storm, da Universidade da Califórnia, em Santa, Cruz, diz que o conceito é muito simples: salvar funciona como uma forma de descarregar os dados que queremos guardar. Ao sabermos que eles estão digitalmente acessíveis para quando precisarmos, conseguimos nos concentrar em novas informações.

Todos nós achamos que esquecer é uma falha. Mas a pesquisa mostrou que, na verdade, o esquecimento desempenha um papel importante no funcionamento da memória e da cognição.

Num primeiro experimento, Storm e sua equipe contaram com 20 estudantes universitários. Eles tinham que memorizar dois arquivos em PDF com uma lista de 10 nomes comuns em cada um deles. Os alunos tiveram 20 segundos para estudar o documento A antes de fechá-lo. Então, estudaram o B por mais 20 segundos e, logo em seguida, tinham que dizer quantos nomes podiam se lembrar do último arquivo. Só depois disso é que eram testados sobre as palavras do documento A.

Em metade dos casos, os estudantes foram orientados a salvar os arquivos em uma pasta específica para depois estudá-la de novo. À outra metade foi solicitado apenas que fechassem o documento. O primeiro grupo teve um desempenho bem melhor que o segundo, segundo os pesquisadores.

No segundo experimento, os participantes eram informados que a versão salva do arquivo poderia ser apagada do computador mais tarde. Nesse caso, o desempenho dos dois grupos foi semelhante, ou seja: quando a pessoa não tem confiança de que aquela informação estará disponível, ela não “libera espaço” para informações novas.

Para Storm, encarar computadores e smartphones como extensões da nossa memória pode ser útil. E isso pode trazer benefícios até para solucionar problemas, já que, em várias ocasiões, é preciso esquecer o que já sabemos para “pensar fora da caixa”.