Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h33 - Atualizado às 23h55
Adultos com 30 e poucos anos não são felizes como eram antigamente. Já os adolescentes estão mais contentes. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com amostras representativas de 1,3 milhão de pessoas de 13 a 96 anos que abrangem o período de 1972 e 2014.
Pesquisadores das universidades de San Diego, Califórnia e Flórida Atlantic constataram que, em 1970, 38% dos adultos na faixa dos 30 anos diziam que eram muito felizes. Já em 2010, esse número encolheu para 32%. Já 28% dos adultos de 18 a 29 se descreveram dessa forma em 1970, número que passou para 30% em 2010. Porém, entre adolescentes com 12 ou 13 anos, o número passou de 19%, em 1970, para 30%, em 2010, um crescimento bastante expressivo.
A aposta dos pesquisadores para esse fenômeno é que a cultura atual, baseada no uso da tecnologia e em relacionamentos mais voláteis, pode ser fascinante para os adolescentes, mas não supre o desejo de estabilidade que os adultos mais maduros têm.
Para a professora de psicologia Jean Twenge, que participou do estudo e também é autora de um livro chamado “Geração do Eu”, a cultura norte-americana (que exerce forte influência no Brasil e em outros países) enfatiza muito a busca do sonho e as altas expectativas em relação ao futuro. E isso é algo que combina com o espírito adolescente. Mas, ao chegar aos 30 e poucos anos e constatar que a vida é mais difícil que imaginavam, a frustração vem à tona.
Em artigo publicado no periódico Social Psychological and Personality Science, Twenge comenta que, em 2008, uma pesquisa semelhante chamou atenção por mostrar que o nível de felicidade das mulheres havia diminuído em relação aos anos de 1970. Agora, o que ela vê é que tanto homens quanto mulheres dessa geração de 30 estão menos contentes. Vale a pena refletir um pouco nesses resultados.