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Sem diagnóstico e tratamento, hepatites são ameaça ao fígado

Algumas hepatites virais podem evoluir para doenças crônicas e comprometer o funcionamento do órgão - iStock
Algumas hepatites virais podem evoluir para doenças crônicas e comprometer o funcionamento do órgão - iStock

Redação Publicado em 28/07/2024, às 10h00

Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais é celebrado neste dia 28 de julho, uma data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2010. Além disso, todo o mês de julho passou a ser dedicado à conscientização sobre a doença. O motivo é que essas doenças muitas vezes evoluem silenciosamente, causando danos graves ao fígado.

O que é hepatite? 

Hepatite é o nome que se dá a toda infecção no fígado. No caso das doenças virais, os vilões são os vírus conhecidos pelas letras A, B, C, D e E, sendo que as hepatites mais relevantes no Brasil são as de tipo A, B e C.

Enquanto a hepatite tipo A é uma doença aguda, as infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C com frequência geram doenças crônicas. Com o passar dos anos, essas infecções podem resultar em cirrose ou até ao desenvolvimento do câncer, podendo levar à necessidade de transplante.

Número de novas infecções

Segundo a Opas, cerca de 1,4 milhão de pessoas morrem anualmente no mundo pelas doenças, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose. Só no Brasil, há 3 milhões de novos infectados ao ano.

Juntas, as hepatites B e C respondem por cerca de 74% dos casos notificados de hepatites virais no país E, sozinha, a hepatite C é responsável por mais de 76% das mortes das hepatites virais entre brasileiros, no período de 2000 a 2018.

Formas de transmissão?

A transmissão da hepatite A ocorre pela via fecal-oral, quando uma pessoa ingere água ou alimentos contaminados por fezes. Eventualmente, pode ocorrer também pelo contato sexual da boca com o ânus.

Já os vírus das hepatites B e C, são transmitidos pela via sexual e através do contato com sangue contaminado (compartilhamento de seringas e agulhas, materiais de tatuagem, manicure e pedicure não esterilizados, lâminas de barbear etc.), além da transmissão vertical, que ocorre quando a mãe transmite o vírus para o bebê na gestação ou durante o parto.

Sinais de alerta possíveis

Nem sempre as hepatites apresentam sintomas, e por isso são consideradas doenças silenciosas. Quando sintomas estão presentes, pode causar febre, mal-estar, cansaço, enjoo, vômitos, dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura e fezes esbranquiçadas. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico inicial é feito através de exames de sangue específicos chamados sorologias. Para as hepatites B e C, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece também os chamados testes rápidos, que utilizam apenas uma gota de sangue para verificar se a pessoa já teve contato com os vírus, com resultado imediato.

Depois disso, se necessário, podem ser solicitados outros exames para avaliar o funcionamento do fígado, genotipagem para identificação do subtipo de vírus e exames de imagem (como ultrassonografia e tomografia), principalmente para identificar sinais de complicação e orientar o tratamento. 

Tratamentos

O tratamento varia conforme o tipo de hepatite. No caso da hepatite A, é recomendado repouso, hidratação e alimentação adequados, além do uso de medicações sintomáticas para alívio de febre ou dor. A maioria dos pacientes se recupera em semanas ou meses.

No caso da hepatite B, a maioria dos casos cursa como doença autolimitada, tendo tratamento semelhante ao da hepatite A. Porém, alguns pacientes irão evoluir com a doença na forma crônica e, nesses casos, o tratamento é realizado com medicações antivirais disponíveis no SUS, que podem controlar a infecção e minimizar as chances de evolução para cirrose ou câncer de fígado.

Com relação à hepatite C, houve um avanço significativo no tratamento com medicamentos mais seguros e eficazes, também fornecidos pelo SUS, com capacidade de curar mais de 95% dos casos. 

Formas de prevenção 

A melhor forma de prevenir as hepatites é através da vacinação. Para hepatite A, a vacina está disponível gratuitamente pelo SUS para crianças a partir de 15 meses até 5 anos incompletos. Já no caso da vacina para hepatite B, a recomendação é que seja aplicada a primeira dose no recém-nascido nas primeiras 12 horas de vida, e as doses subsequentes no 2º, 4º e 6º mês de vida. Também está disponível pelo SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade. 

Outras formas de prevenção incluem boas práticas de higiene como lavagem das mãos e consumo de água potável. Nas hepatites que são transmitidas por via sexual ou através de sangue contaminado, o uso de camisinha nas relações sexuais e não compartilhamento de objetos de uso pessoal, também ajudam na prevenção à doença. 

Existe cura? 

A possibilidade de cura varia de acordo com o tipo. Na hepatite A, como é uma doença autolimitada, na maioria das vezes os pacientes se recuperam completamente em semanas a meses, podendo em casos raros evoluir para insuficiência hepática fulminante.

Nos casos de infecção crônica pelos vírus da hepatite B, não há cura definitiva, sendo realizado apenas tratamento para evitar progressão e possíveis complicações da doença. Já na infecção pelo vírus da hepatite C, a cura pode ser alcançada, principalmente se o tratamento for iniciado o mais precocemente possível. 

Fontes: IFF/Fiocruz e Ibrafig